Alta dos juros nos EUA é mais um fator de risco para o Brasil em 2017
Ontem, na última reunião do ano do comitê de política monetária dos Estados Unidos (Fomc, em inglês), o colegiado optou por subir os juros em 0,25 ponto percentual, para 0,75% ao ano. Apesar da decisão ser esperada, os mercados locais reagiram com apreensão.
A economia norte-americana apresenta sinais de aceleração da atividade, como a prévia do PIB do terceiro trimestre que subiu a uma taxa anualizada de 3,2%. Além disso, a taxa de desemprego está em cerca de 4,6%, muito abaixo da taxa de 10,0% registrada em outubro de 2009, no auge da crise financeira internacional, sem contar que a inflação mostra sinais de aceleração, mas ainda abaixo da meta de 2,0% aa.
Diante desse cenário, e dos últimos comunicados do Fomc, a decisão não foi uma surpresa. Entretanto, o que explica esta reação negativa foi a mudança na projeção dos membros do comitê, que agora veem uma taxa de juros mais alta para 2017 e 2018.
Na última reunião em setembro, a projeção era que o juro nos EUA subisse para 1,1%, agora a projeção é de 1,4%. Ou seja, ao invés de dois aumentos para o ano que vem, o Fomc agora projeta três elevações. Tal mudança nas projeções do Fomc tem a ver com a perspectiva de uma política fiscal mais expansionista de Donald Trump, que pressionaria a inflação por lá e exigiria juros maiores para manter a inflação dentro da meta de 2,0%.
Para o Brasil esta é mais uma notícia negativa. Juros maiores, e além disso, a expectativa que eles fiquem maiores nos EUA leva os investidores a fugirem de ativos mais arriscados, como os brasileiros, fazendo o dólar subir. A princípio, a inflação aqui dentro segue sua trajetória de desaceleração, mas, caso o dólar mantenha uma trajetória de alta, isso pode ligar o sinal amarelo e fazer os juros caírem menos aqui. E seria mais um fator negativo para a tão aguardada retomada da atividade econômica em 2017.
Gesner Oliveira
Professor da EAESP-FGV e Sócio da GO Associados
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