Rumo à inflação civilizada
Nos últimos meses a inflação vem surpreendendo para baixo. E não por motivos isolados. A queda da inflação está disseminada por toda a economia, e não está concentrada em um item específico. Isso decorre de vários fatores.
No caso dos alimentos, a melhora da condição climática normalizou a oferta de bens agrícolas e levou a inflação para níveis extremamente baixos. Em janeiro a inflação dos alimentos no domicílio subiu apenas 0,17%. Itens como o feijão (-13,58%), batata-inglesa (-8,48%), tomate (-5,83%) seguem em queda. E a perspectiva de uma boa safra agrícola para este ano deve fazer com que os preços dos alimentos sigam bem-comportados em 2017.
Outro fator positivo é a taxa de câmbio que voltou a se acomodar em um nível próximo a R$ 3,10, depois de um susto inicial com a eleição de Trump nos EUA. Um real mais forte reduz a pressão de preços de produtos importados, tanto bens finais para os consumidores, como insumos para a indústria nacional.
Os aparelhos eletrônicos por exemplo, apresentaram deflação pelo quinto mês consecutivo. Agora em janeiro, apresentaram queda de 0,34%, e nesses últimos cinco meses a queda acumulada foi de 3,17%. Além disso, a recessão econômica tem causado um efeito considerável sobre os preços. O chamado grupo serviços, por exemplo, que tem o salário como um peso importante em sua composição, também segue em descompressão dado o elevado e crescente nível de desemprego. Em janeiro a alta foi de 0,36%, fazendo o índice no acumulado em 2 meses recuar de 6,47% para 6,15%.
Isso não significa que não tenha havido pressão de preços em janeiro. Algumas capitais tiveram reajuste em sua tarifa de ônibus municipal.
A inflação no acumulado em 12 meses até janeiro fechou em 5,35%, convergindo para o centro da meta de 4,5%. E deve fechar 2017 próxima a esta taxa, fato que não acontece desde 2009.
Inflação menor significa maior poder de compra para as famílias, que não têm seu salário corroído pela inflação, aumentando o poder de consumo.
A menor inflação também alonga o horizonte de previsão das empresas, pois torna o ambiente mais previsível. Por fim, e não o menos importante, abre espaço para o Banco Central manter acelerado o ciclo de queda dos juros. Neste ponto reside grande parte da esperança da economia sair do fundo do poço.
Ao que tudo indica, com a aprovação da PEC dos gastos e o avanço da reforma da previdência, é possível que o Brasil esteja entrando em uma nova era. O Plano Real restabeleceu a estabilidade de preços depois de décadas de superinflação. O Governo Temer poderá, se for bem sucedido nas reformas, levar a economia a um patamar civilizado de inflação.
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