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Blog do Gesner Oliveira

A recessão acabou. Mas e o desemprego?

Gesner Oliveira

24/02/2017 12h05

O cenário para 2017 é animador. Taxa de juros em queda, inflação sob controle e um crescimento positivo do PIB depois de dois anos de recessão. Porém, a realidade da economia real e do mercado de trabalho é outra.

Do total dos 54,3 milhões de trabalhadores empregados no setor privado, 10,4 milhões estão sem carteira de trabalho, número 6,4% maior comparado com o mesmo período de um ano atrás. Além do aumento da informalidade, aumentou-se o número de trabalhadores autônomos, os chamados, trabalhadores por conta própria. Ao todo eles representam 22,2 milhões de pessoas, aumento de 3,9% em relação ao ano anterior.

Além do aumento do número de desempregados, aumento da informalidade e o número de funcionários autônomos, chama atenção a taxa de subocupação que atingiu 12 milhões de pessoas ao final de 2016. Esta taxa mostra o número de pessoas que trabalhavam menos horas do que gostariam. Com isso, a subutilização – taxa que soma o número de pessoas desempregadas mais o número de pessoas que trabalham menos horas do que queriam – somou 24,3 milhões de pessoas no quarto trimestre de 2016.

O número de desempregados atingiu 12,9 milhões em janeiro, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, um em cada cinco brasileiros desempregados estão há dois anos ou mais procurando trabalho. Este número representa 2,3 milhões de brasileiros do total de 11,7 milhões que, na média, de 2016, procuram sem sucesso a recolocação no mercado de trabalho.

A taxa de desemprego que atingiu 12,6% era 9,5% no mesmo período de 2016, um aumento de 3,1 pontos percentuais. O número é surpreendente. Desde o início da série histórica em 2012, esta é a maior taxa registrada até hoje.

O primeiro semestre deste ano marca o início da retomada na economia do país. Se alguns indicadores econômicos recentes mostram a saída da recessão, o olhar detalhado sobre os dados do mercado de trabalho mostra que o brasileiro ainda tem um longo caminho até sentir a melhora no bolso. Ao que tudo indica essa virada será no segundo semestre de 2017.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

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