Bye bye, recessão...e a recuperação?
Os dados do PIB divulgados hoje ilustram a profundidade da maior recessão da história do país em 2015/16. No ano passado o produto brasileiro caiu 3,6%, após encolher 3,8% em 2015, representando uma queda do PIB superior a 7% e do PIB por habitante maior do que 10%. Mas isso é passado. O que interessa é saber se 2017 será diferente.
Segundo os dados do IBGE, em 2016 houve recuo de 6,6% na agropecuária, de 3,8% na indústria e de 2,7% nos serviços. No quarto trimestre do ano o PIB teve baixa de 0,9% em relação ao trimestre anterior, sendo o oitavo resultado negativo consecutivo nessa base de comparação.
Chama atenção a queda dos investimentos (formação bruta de capital físico), de -10,2%, variável fundamental para a capacidade produtiva da economia. Foi o terceiro ano seguido de declínio do investimento, totalizando uma contração de quase 26% desde 2014!
A despesa das famílias caiu 4,2% em relação a 2015, refletindo a deterioração do emprego, renda e dos indicadores de juros e crédito ao longo de todo o ano passado. A despesa do governo, por sua vez, caiu 0,6%, ante queda de 1,1% em 2015.
Vale destacar ainda os resultados no setor externo. As exportações de bens e serviços cresceram 1,9%, enquanto que as importações caíram 10,3%.
Embora importantes, os dados para 2016 não constituem um bom indicador do que vai acontecer em 2017. A economia neste ano deve apresentar uma recuperação modesta, de cerca de 0,6%. Uma recuperação mais consistente deveria ser liderada pelo investimento e pela competitividade, mas o que se nota é que tais condições ainda não parecem sólidas o suficiente.
Essencial para girar a roda da economia, a taxa de investimentos ainda engatinha. Na média do ano passado, os investimentos representaram 16,4% do PIB, valor muito baixo dadas as necessidades estruturais do país. Países emergentes como Colômbia e México, por exemplo, possuem taxas acima de 20%. A China investe mais de 40% do seu PIB.
Em termos de competitividade o Brasil também deixa muito a desejar. Segundo o ranking 2016/17 de competitividade do Fórum Econômico Mundial, o país está na 81ª posição, atrás de países como Irã (76ª), Botswana (54ª) e Azerbaijão (37ª). O resultado é um setor externo dependente de um câmbio competitivo e refém dos preços de commodities como minério de ferro e soja.
As condições estão dadas para uma recuperação modesta em 2017. Há muita capacidade ociosa, a inflação caiu, os juros estão caindo e a safra agrícola será recorde. Mas o desafio é estabelecer as bases para uma recuperação consistente que permita resgatar a capacidade de crescimento do país. Tal tarefa passa por gerar um ambiente propício para as exportações e sobretudo o investimento.
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