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Blog do Gesner Oliveira

Como acelerar a criação de empregos? Com a reforma trabalhista...

Gesner Oliveira

07/03/2017 18h26

Conforme dados divulgados hoje, o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) registrou queda de 7,2% no biênio 2015 e 2016. Chama a atenção que em dezembro de 2014, no início da recessão, o país atingiu o menor nível de desemprego da história, de aproximadamente 6,5%.

Passados dois anos do início de uma forte recessão econômica, o país, ao que tudo indica, parece estar saindo da crise. Espera-se que o crescimento do PIB em 2017 seja em torno de 0,5% e 1,0%. Otimismo para os economistas e investidores que fazem suas projeções, não é isso que a população sente no dia a dia no mercado de trabalho.

O Brasil iniciou 2017 com fechamento 40,8 mil vagas de emprego formal em janeiro, segundo a pesquisa do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, divulgada pelo ministério do Trabalho. Esse foi o vigésimo segundo mês seguido com fechamento de empregos com carteira assinada. O último mês em que houve mais contratações foi em março de 2015, quando foram criados 19,2 mil postos de trabalho.

Esta parece ser uma relação estranha. Quando a economia começou a patinar, o desemprego ainda caia fortemente. Agora que a crise dá sinais de melhora o desemprego continua subindo. Por que?

Há uma vasta literatura econômica analisando a relação entre crescimento do PIB e taxa de desemprego. A conclusão mais comum é de que primeiro a atividade econômica começa a recuar, e depois de algum tempo o nível de emprego o faz. Da mesma maneira, quando a atividade econômica começa a subir, o nível de emprego demora um pouco mais para fazer o mesmo. Foi isso que aconteceu em 2015, é isso que está acontecendo agora.

Esta defasagem entre um acontecimento e outro depende da rigidez do mercado de trabalho de cada país. Países com sindicatos excessivamente fortes e com muitas regras para demissão e admissão costumam apresentar um maior atardo entre o emprego e a atividade econômica. O Brasil não foge à regra.

O excesso de regras no mercado de trabalho torna o setor menos dinâmico e cria uma maior defasagem entre a recuperação da economia e a contratação de mão de obra. No Brasil, com elevado custo de demissão, admissão e treinamento, o empresário deve pensar mais de duas vezes em demitir um sujeito que ele demorou para treinar, ou contratar alguém que ele não possa demitir. Em 2015, era preciso ter muita certeza da recessão para começar o processo de demissão. Isso parece bom do ponto de vista do trabalhador. Mas em 2017, é preciso estar muito certo, sobre a recuperação do país e isto certamente é ruim.

Para tornar esse processo mais dinâmico e acelerar a contratação das pessoas, a reforma trabalhista modernizante é a essencial. É urgente diminuir a rigidez nas relações trabalhistas e reduzir os custos e a insegurança jurídica do processo de contratação. Prevista para o segundo semestre de 2017, é desta reforma que o Brasil precisa para sair da crise de maneira mais rápida e para que tal recuperação se traduza mais rapidamente em postos de trabalho.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira