Carne Fraca pode eliminar 420 mil empregos
Em um momento em que a economia começa a dar sinais de recuperação, as revelações da Operação Carne Fraca representam um ponto de preocupação a exigir resposta ágil de todos: governo, setor privado e a própria mídia.
A Operação Carne Fraca caiu como uma bomba na última sexta. Cancelamentos de churrascos pelo país foi o de menos. O problema reside nos efeitos em cadeia que um escândalo dessa natureza gera na economia.
Há várias dimensões a serem consideradas. Em primeiro lugar, é evidente que no mercado doméstico, que representa cerca de 80% do consumo da carne brasileira, a apreensão do consumidor seja enorme. No mercado internacional, a situação é ainda mais grave. Até agora, Chile, China, Coreia do Sul e União Europeia já anunciaram que desejam barrar as importações e que vão intensificar a vigilância. A carne é um dos produtos de destaque da pauta de exportação do Brasil, representando o terceiro complexo de vendas externas, depois da soja e do minério de ferro.
Em segundo lugar, as duas principais empresas do setor, Brasil Foods e JBS, são empresas de capital aberto com ações cotadas em bolsa. Qualquer dúvida sobre a qualidade do produto e seus efeitos faz os preços das ações mergulharem. A perda de valor das duas empresas chegou a cerca de R$ 6 bilhões na última sexta.
Em terceiro lugar, é preciso considerar o efeito sobre a cadeia produtiva. Qualquer variação de um dos componentes da demanda agregada da economia – é o caso das exportações – tem efeitos diretos, indiretos e sobre a renda. Utilizando a matriz insumo produto do IBGE, as economistas Andréa Curi e Mariana Orsini da GO Associados dimensionaram o dano potencial.
Os resultados são preocupantes. Uma possível redução de 10% das exportações de carne acarretaria uma redução do valor da produção de R$ 13,9 bilhões, da massa de salários de R$ 2,3 bilhões, da arrecadação de R$ 1,1 bilhões e – mais grave – a perda de quase 420 mil postos de trabalho.
Para evitar tais custos é essencial que os setores público e privado e a mídia se mobilizem. Em torno de três pontos: profundidade nas investigações, rigor nas punições e transparência nas informações para os vários públicos envolvidos. O estrago está feito. Mas ainda é possível minimizar o prejuízo.
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