Temer tirou economia do precipício
Em doze meses, pouco mais de três dos quais como interino, o Governo Temer fez mais em matéria de política econômica do que a maioria dos governos da República. A economia brasileira caminhava para o precipício no início do ano de 2016 e hoje dá os primeiros sinais de vida.
A vitória contra a inflação foi o maior êxito do Governo Temer. De uma taxa superior de 10%, a inflação anual caiu para cerca de 4%, pela primeira vez abaixo da meta, depois de 7 anos. A maior virtude, aliás, foi o mercado voltar a acreditar que existe uma meta de inflação e – pasmem – é pra valer!
A crise provocada por vários fatores, mas em grande medida pela sucessão de erros dos Governos Lula e Dilma, cobrou caro em termos de sacrifício dos trabalhadores. A taxa de desemprego cresceu e ainda deve subir até o terceiro trimestre deste ano.
A economia voltou a crescer neste primeiro trimestre depois de oito trimestres consecutivos de queda, na maior crise econômica da história do país. Os balanços de várias empresas começaram a sair do vermelho.
Popularidade e ajuste da economia não andaram juntos. A bolsa subiu, o dólar e os juros básicos caíram, mas a popularidade despencou.
O maior ativo do Governo Temer é sua capacidade de encaminhar a agenda de ajuste da economia no Congresso. Assim, contrariando a aposta da maioria dos analistas, a PEC do teto de gastos foi aprovada, colocando uma primeira trava nos gastos públicos desenfreados dos governos anteriores.
O trabalho não está completo. A bomba relógio da previdência continua ativada para implodir as contas públicas. A crueldade de um sistema injusto só aumenta a desigualdade de renda. Até agora o governo tem dado sinais de combater, na medida do possível, o corporativismo, aumentando a chance de uma reforma razoável.
Mas a oposição é fortíssima daqueles que não querem nenhum ajuste por razões políticas, ou porque não acreditam no capitalismo, ou porque almejam o poder a qualquer custo e não hesitam em mudar de posição ao sabor das conveniências políticas; daqueles que desejam o ajuste para sanear as contas para o futuro, mas preferem passar a conta para o atual governo; e daqueles que não querem de forma nenhuma abrir mão de privilégios indefensáveis. Em geral, os mais fervorosos são aqueles que se enquadram simultaneamente em várias das alternativas anteriores.
Premido pelas circunstâncias, o Governo Temer se lançou na agenda reformista. Assim, depois de anos de paralisia, avança uma reforma trabalhista que finalmente liquida a estrutura fascista montada sob a ditadura Vargas e que engessa até hoje as relações de trabalho no Brasil. 14 milhões de desempregados, 10 milhões de trabalhadores que fazem trabalho remoto, mais de 10 milhões de subempregados agradecem terem sido lembrados pela primeira vez. Se a reforma passar e "pegar", há uma chance do Brasil deixar de ser um país campeão de ações trabalhistas com cerca de três milhões de ações por ano.
Ganham as empresas, os trabalhadores e a economia como um todo. Perdem, naturalmente, aqueles que vivem desta indústria de ações trabalhista. Ganham os micro, pequenos e médios empresários que respondem pela maior parte do emprego no Brasil.
O Governo Temer foi rápido ao lançar no primeiro dia o programa de parcerias e investimentos (PPI). A infraestrutura é a principal fronteira de expansão para uma retomada da economia. E não há como investir em ferrovias, estradas, portos e vários outros segmentos sem mobilizar o capital privado. A implementação do PPI não foi tão ágil quanto se esperava, mas começa a sair do papel com o sucesso dos leilões dos aeroportos e energia elétrica. O fim da obrigatoriedade pela Petrobrás da exploração do pré-sal e a prioridade dada ao saneamento também são positivas para o investimento.
Houve melhora na governança das estatais. A Petrobrás está virando o jogo. Reverteu um prejuízo para um lucro de R$ 4,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano e melhorou a classificação de risco. A aprovação da nova lei das estatais já está melhorando a governança de empresas de vários setores. Uma empresa tão importante quanto a Vale, que não é estatal, mas na qual o governo tem influência na escolha do comando, teve novo presidente com comprovada experiência e excelência técnica.
Em meio a tantas dificuldades e com tantas realizações, daria até para celebrar um ano de Governo Temer. Mas a situação ainda está tão grave que não há clima para festa.
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