Com ou sem crise, bomba relógio da previdência continua acionada
A crise política roubou a cena. Não se discute mais como será a reforma da previdência. Mas sim, como será resolvida a crise política. Infelizmente o problema do rombo da previdência persiste. Quem tiver alguma dúvida é só ver os números recentes.
O governo divulgou na última quinta-feira o superávit primário, a diferença entre tudo que o governo arrecada e o gasto governamental, excluindo os juros pagos com a dívida. Em abril, o resultado foi positivo em R$ 12,5 bilhões, ou seja, o governo mais arrecadou do que gastou no último mês. Este é o melhor resultado desde 2014. Alguns poderiam comemorar, mas uma análise mais detalhada mostra como os gastos com a previdência são insustentáveis.
As despesas com a previdência em abril foram R$ 11,9 bilhões, um aumento de 40,9% em relação a abril de 2016 quando foram da ordem de R$ 8,5 bilhões. Este aumento não é um evento pontual, mas uma tendência nos últimos anos. Desde 2011, a despesa com benefícios previdenciários saiu de 46% da receita líquida do governo, para 60% em 2016. Ao final deste ano, este valor deve chegar a 64%.
Outra preocupação é que, apesar dos números do superávit primário serem positivos em abril, no acumulado dos primeiros quatro meses o resultado é negativo. Houve um déficit de R$ 5,6 bilhões nos quatro primeiros meses do ano. O esforço de controle de gastos se expressou no resultado do Tesouro Nacional positivo de R$ 46,6 bilhões nos quatro primeiros meses do ano. Mas foi compensado pelo déficit de R$ 52 bilhões nas contas da Previdência no mesmo período.
Isto é, o governo deixa de gastar com itens prioritários como saúde, educação e segurança para cobrir o rombo da previdência. Não há algo mais perverso do ponto de vista social do que adiar um ajuste radical no atual sistema. Independentemente do nome do presidente, a retomada da economia depende da continuidade das reformas, em especial a da previdência.
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