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Blog do Gesner Oliveira

Na crise (e fora dela), diversificar traz bons resultados

Gesner Oliveira

21/06/2017 13h53

O ditado popular "não coloque todos os ovos na mesma cesta" é muito conhecido, mas faz ainda mais sentido na atual crise econômica e política.

Distribuir seus investimentos em diferentes ativos pode ser a solução para se proteger do bombardeio de escândalos e denúncias (falsas e verdadeiras) que afetam a economia como um todo e, não menos importante, nossas economias. A diversificação não elimina todos os problemas, mas ao menos garante o sono mesmo quando o mundo vira de cabeça para baixo da noite para o dia.

Diversificar dilui o risco em momentos de incerteza sem comprometer os rendimentos. Investir em ativos que reagem de forma diferente ao mesmo evento certamente reduz o perigo em uma conjuntura adversa. A velha e batida estratégia de não colocar todo o seu dinheiro no mesmo lugar tem se mostrado eficiente.

Não existe mágica: quanto maior o retorno, maior o risco. Mas há dois tipos de risco principais: o não diversificável (chamado sistemático) e o diversificável (não sistemático). Como o próprio nome já diz, o segundo tipo de risco pode ser minimizado com uma boa escolha de diferentes cestas.

O risco não diversificável é também conhecido como risco de mercado. Ou seja, está associado a toda e qualquer empresa ou indústria. Os motivos variam de taxas de inflação e taxas de câmbio até instabilidade política ou guerras. Países emergentes, como o Brasil, possuem maior volatilidade nessas variáveis e por isso são mais arriscados do que países desenvolvidos, como a Noruega.

Quanto maior a diversificação, mais protegido fica o capital do investidor. Na verdade, funciona como um seguro. Como a crise de 2008 deixou claro, diversificar apenas com diferentes ações pode não ser o suficiente.

Para isso, uma sugestão interessante pode ser a criação de uma carteira com diferentes produtos: ações (um banco, uma mineradora e uma empresa de varejo, por exemplo), um título de renda fixa, como um Certificado de Depósito Interbancário (CDI), uma moeda estrangeira e um imóvel ou fundo imobiliário, para auferir os rendimentos dos aluguéis.

Os percentuais para cada um dependem de vários aspectos, especialmente do perfil mais cauteloso ou agressivo do investidor. Em futuros artigos, veremos cestas para os avessos ao risco e para os amantes do risco.

Para aqueles que querem se proteger de grandes incertezas na economia, a estratégia de diversificação é uma ótima alternativa. Não colocar todos os investimentos na mesma cesta, aliado a uma boa análise da relação entre os diferentes investimentos pode proteger o investidor de maiores riscos. Como dizem que, no Brasil, até o passado é incerto, vale a pena mesclar os investimentos.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira