Carne brasileira barrada nos Estados Unidos não é o fim do mundo
Em tempos de crise, a sorte não costuma ajudar. Um choque sobre um dos produtos mais importantes da pauta de exportação era a última coisa que o país precisava. Os Estados Unidos decidiram suspender todas as importações de carne bovina in natura (fresca) do Brasil.
O argumento é que esta medida se deve aos problemas sanitários dos produtos brasileiros. Como ninguém é bonzinho no comércio internacional, não é improvável que os Estados Unidos estejam tirando proveito do péssimo efeito de imagem da desastrada Operação Carne Fraca para jogar duro com o Brasil.
Inda bem que o impacto da medida dos EUA não é tão grande, pelo menos em termos quantitativos. A relevância financeira é pequena. O Brasil não é grande exportador para o mercado norte-americano. Os EUA não estão entre os dez maiores importadores de carne brasileira. Em carne in natura, os Estados Unidos é apenas o nono colocado. De janeiro a maio deste ano, o valor das exportações de carne bovina in natura do Brasil para os EUA somou US$ 49 milhões. A China importou US$ 330 milhões do produto brasileiro e, em segundo lugar, Hong Kong comprou US$ 316 milhões. A Rússia, que acaba de receber a visita do Presidente Temer, ficou em terceiro com US$ 190 milhões.
Porém, em termos qualitativos, a decisão dos Estados Unidos influencia o resto do mundo. A chancela dos EUA dava ao país possibilidade de conseguir entrar em mercados importantes para a carne in natura, como Rússia, China, Hong Kong. Uma vez que os americanos retiram o selo de qualidade da carne brasileira, há um dano à marca Brasil.
O Brasil teve as carnes "in natura" suspensas após o episódio da Vaca Louca em 2006. Desde então este tipo de exportação estava parado. Após uma década de intensas discussões e convencimento, conseguiu-se reabrir o mercado norte-americano de carne in natura, em maio de 2016. A felicidade durou pouco. 3 meses depois da Operação Carne Fraca que aconteceu em março deste ano e 11 meses de ter reaberto este mercado. O Brasil volta no tempo.
A imagem da carne brasileira saiu arranhada. Fica a lição de que qualquer investigação que possa ter impactos dessa magnitude seja conduzida com muito rigor, mas também com muita cautela. Afinal, os excessos de alardes nessa matéria podem ser um tiro no pé.
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