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Blog do Gesner Oliveira

Brasil pode se preparar para a volta dos IPOs

Gesner Oliveira

22/07/2017 04h00

Depois de alguns anos com o mercado retraído, ocorreu nesta semana a maior oferta pública inicial (initial public offer) desde 2013, com o IPO do Carrefour na Bolsa de São Paulo. Os lotes de ações foram avaliados em R$ 5 bilhões de reais (cada ação foi precificada em R$ 15 reais) e a companhia foi estimada em R$ 29 bilhões, um valor 67% superior ao seu principal concorrente, o Grupo Pão de Açúcar.

Uma das principais finalidades da Bolsa de Valores é proporcionar um ambiente para que as companhias levantem recursos para expansão das suas atividades e financiem novos investimentos, sem recorrer às instituições financeiras. De modo geral, as empresas vendem fatias (ações) de seu capital social a investidores anônimos, que se tornam sócios da operação e recebem dividendos se a companhia for lucrativa.

E o modo para realização desse tipo de operação é feita através de uma abertura de capital em Bolsa de Valores ou Oferta Pública Inicial (Initial Public Offer, em inglês). O chamado IPO ocorre quando a companhia lança ações no mercado, que podem ser adquiridas por qualquer pessoa. O investidor se torna sócio do negócio assim que compra uma participação na empresa. E a empresa tem acesso a um crédito mais barato do que se fosse recorrer aos bancos.

Para lançar ações em uma Bolsa de Valores, a empresa tem que preencher alguns pré-requisitos, como registros na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e na Bolsa, além de alguns trâmites legais, como balanços financeiros e auditorias. O procedimento de um IPO ainda pode ser considerado burocrático no Brasil.

A vantagem do IPO é tornar a a empresa mais transparente e regulada, com boas práticas de gestão e governança corporativa. As informações financeiras da companhia se tornam públicas, e é obrigatório ter um departamento de relações com os investidores.

Antes da crise de 2008, o Brasil viveu seu momento de ouro para as aberturas de capital. Em 2007, 64 empresas realizaram um IPO na Bolsa de São Paulo e começaram a ter suas ações negociadas publicamente, demonstrando o otimismo com a economia naquela época, quando o país era a bola da vez entre os mercados emergentes.

A partir de agora, espera-se que a economia se recupere e as empresas voltem a utilizar desse expediente para financiar suas atividades e fique novamente atrativo se tornar sócio de empresas promissoras. Os investidores podem voltar às compras.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira