O que a queda de juros muda na sua vida?
A decisão sobre a taxa de juros parece algo distante, mas afeta a sua vida em várias dimensões. A sua chance de manter ou conseguir um emprego, o crescimento da dívida que você tem com o banco e o ganho de suas aplicações financeiras são todos afetados pelos movimentos desta taxa de nome estranho, a Selic.
A Selic ou Sistema Especial de Liquidação e Custódia, é a taxa básica de juros da economia, que acaba de retornar ao patamar mais baixo em quatro anos, caindo de 10,25% para 9,25% ao ano.
A taxa serve como parâmetro para os bancos na precificação do crédito e é usada como instrumento de controle da inflação. Quando os preços estão subindo a um ritmo superior à meta estabelecida, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumenta a taxa Selic. No sentido contrário, como ocorre agora, quando o ritmo de aumento dos preços está diminuindo, a autoridade monetária pode reduzir a Selic.
A taxa Selic foi reduzida de 10,25% para 9,25% ao ano, a primeira vez que retorna a um dígito desde outubro de 2013. Esta redução tem três consequências principais na sua vida.
Em primeiro lugar, sua chance de manter ou conseguir um emprego aumenta. Isso porque a redução dos juros reforça a recuperação da produção, criando mais postos de trabalho.
Em segundo lugar, a taxa de empréstimo do dinheiro que você toma tende a diminuir. Infelizmente, essa redução é pequena e muitas vezes quase imperceptível. A diferença entre a taxa Selic e a taxa de empréstimo para pessoa física é enorme. Por exemplo, a Selic caiu para 9,25% e a taxa média de juros do crédito de recursos livres para pessoas físicas está em cerca de 63% ao ano.
Em terceiro lugar, suas aplicações em renda fixa vão render um pouco menos, porque estes investimentos têm como referência direta ou indireta a taxa Selic. Continuarão, contudo, mais atraentes que a tradicional caderneta de poupança. Mas, para aqueles com maior apetite para risco, talvez valha a pena considerar as alternativas do mercado de ações, que se enquadram naquilo que se denomina renda variável.
Por fim, fica a pergunta: a taxa de juros vai continuar baixa nos próximos anos ou é mais uma alegria que dura pouco, como ocorreu no governo Dilma? Em contraste com a redução da taxa de juros por decreto em 2011/12, as últimas decisões do Copom têm bons fundamentos. A inflação anda bem-comportada no curto prazo. O grande desafio, no entanto, será garantir juros e inflação civilizados em bases permanentes, o que exigirá arrumar as contas públicas para valer. Ainda estamos longe disso.
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