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Blog do Gesner Oliveira

Só o populismo e o fisiologismo podem abortar a recuperação

Gesner Oliveira

17/08/2017 11h59

Os indicadores não deixam margem à dúvida de que a economia está em recuperação. Mesmo os mais céticos começaram a admitir o que os números teimam em informar há algum tempo:  a economia está melhorando.

O índice de atividade econômica IBC-BR, considerado a prévia do PIB, apresentou alta de 0,50% em junho em relação a maio. No segundo trimestre a atividade econômica apresentou crescimento de 0,25%, em comparação com o primeiro trimestre deste ano. Este crescimento de junho engata uma segunda alta consecutiva, uma vez que o índice registrou crescimento de 1,22% no trimestre anterior.

Depois de 12 trimestres de queda em relação ao ano anterior, o varejo restrito – que não inclui vendas de veículos e materiais de construção – aumentou 2,9%. Na comparação com o primeiro trimestre deste ano, houve uma elevação de 1,7%.

O setor de serviços apresentou alta de 1,3% em junho ante o mês de maio deste ano, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Quatro das cinco categorias registraram crescimento em junho: serviços prestados às famílias (+1,0%), transportes (+1,0%), serviços profissionais (+0,8%), outros serviços (+0,7%). Apenas serviços de informações registram queda em junho (-0,2%). Foi o primeiro crescimento do indicador na margem depois de nove trimestres consecutivos de retração. Essa melhora é associada à retomada do setor industrial e à recuperação da capacidade de consumo das famílias.

No segundo semestre, haverá resultados menos brilhantes para o PIB. Para o resultado do segundo trimestre, que será conhecido no dia 1 de setembro, a agropecuária deve devolver parte da forte alta registrada no primeiro trimestre. Por outro lado, deve mostrar que a indústria e o setor de serviços registraram expansão no período, reforçando a percepção que a recuperação da economia está ocorrendo de forma abrangente na economia.

O mérito não é apenas da política econômica. O cenário internacional, apesar de todas as incertezas, abriu uma janela de oportunidade para os emergentes. O apetite a risco está razoável entre os investidores internacionais. Não é por temperamento, mas por falta de opção de melhores investimentos no planeta.

O Brasil tem assim uma chance para recuperar a economia. Mas isso só será possível se o mercado perceber que a rota de ajuste tem um mínimo de credibilidade. Absurdos como o fundo de financiamento de campanha ou a resistência corporativista a eliminar os privilégios na Previdência e acabar com os supersalários não fazem parte deste caminho. Só o populismo e o fisiologismo podem deter  a marcha da recuperação.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira