2018: ciclo de crescimento ou voo da galinha?
2017 foi o ano da virada, depois de dois anos de uma brutal recessão. O que esperar de 2018? O brinde de final de ano é pelo início de um novo ciclo de crescimento. O receio é de que seja apenas um voo da galinha.
A Copa do Mundo só começa em junho mas já dá para antever algumas decisões relevantes para o rumo das expectativas em relação à economia: o julgamento do pré-candidato e ex-presidente Lula, no dia 24 de janeiro; a votação (ou não) da reforma da Previdência, com previsão para ir ao plenário da Câmara dos Deputados no dia 19 de fevereiro; e as próprias eleições presidenciais, com primeiro turno marcado para 7 de outubro.
O leitor deve ficar atento aos resultados dessas decisões. Terão impacto sobre o planejamento de seus investimentos, seu plano de aposentadoria ou sua chance de batalhar por um emprego.
No curto prazo, a economia segue bem comportada. O mercado espera uma alta do PIB de 2,68%, o que parece pouco. A economia tem tudo para crescer pelo menos 3% em 2018. Com inflação e juros em queda e capacidade ociosa, níveis de confiança subindo e endividamento das famílias em queda, a expansão está mais ou menos contratada. Mas a história está cheia de favoritos que ficam pelas eliminatórias, como a Itália que vai ver a Copa da Rússia pela televisão.
A projeção para a inflação em 2018 é de 4%, ainda abaixo do centro da meta do Banco Central (de 4,5%). Os alimentos não vão puxar o índice para baixo como neste ano, mas, por ora, não são fonte de preocupação. A taxa de juros Selic deve sofrer novo corte de 0,25 ponto percentual antes do Carnaval, para 6,75% ao ano.
O desemprego continuará elevado, mas deve mostrar recuperação no ano que vem. 2017 foi o ano que estancou a sangria no mercado de trabalho que se viu nos anos de 2015/16. Nesse período, houve destruição de quase 2,9 milhões de empregos com carteira assinada. Neste ano, o resultado deve ficar ligeiramente abaixo de zero. Mas 2018 deve trazer algo próximo a um milhão de empregos.
No lado externo, a perspectiva é que haja uma continuidade da farta liquidez internacional, ou seja, juros baixos, isto é, dinheiro barato no mundo. E razoável crescimento econômico, estimulando nossas exportações. O superávit comercial será menor, mas ainda elevado para os padrões brasileiros, e as contas externas seguirão financiadas com certa tranquilidade pelo ingresso de investimento estrangeiro direto. O dólar deve se manter em patamar relativamente confortável, em torno de R$ 3,20.
O drama é a parte fiscal, que terá algum alívio em 2018, mas que demandará a continuidade da política de ajuste das contas públicas. Desconfie de quem diz que não existe problema com a Previdência e que a reforma é coisa de gente malvada que quer fazer o povo sofrer. Quando a bomba relógio estourar, será o primeiro a querer cortar sua aposentadoria e seu salário. Quem duvidar, basta dar uma olhada no Rio de Janeiro.
Dá para levar esta Copa, mas precisa combinar com os russos. Também dava em 1950 em pleno Maracanã; em 1982 na Espanha com o saudoso Telê; e na África do Sul em 2010, quando Felipe Melo aprontou das suas e os holandeses nos deixaram pelas quartas.
Futebol é mesmo imprevisível e talvez por isso seja tão fascinante. Em contraste, a boa economia precisa ser mais previsível e a política econômica racional para dar um pouco de paz e esperança aos brasileiros em 2018!
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.