Assassinato de Marielle não pode matar acordo União Europeia-Mercosul
Representantes do partido espanhol "Podemos" pediram a suspensão imediata das negociações para o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul por conta do assassinato da vereadora Marielle Franco. A proposta é contrária aos interesses dos dois blocos comerciais e, em particular, é das mais pobres a quem, supostamente, a proposta quer defender.
Na mesma linha do "Podemos", 52 deputados de esquerda do Parlamento Europeu encaminharam documento pedindo a suspensão das negociações para a vice-presidente da Comissão Europeia, Federica Mogherini. O grupo representa cerca de 7% dos 750 assentos no Parlamento da União Europeia.
O documento ressalta que a defesa das populações oprimidas e discriminadas deve ser uma prioridade para a União Europeia. Sem citar nenhuma evidência, o texto alega que o assassinato de Marielle Franco pretenderia amedrontar os defensores dos direitos humanos, o que justificaria o pedido de suspensão das negociações de acordo comercial. Seria, assim, uma forma de protesto contra a repressão aos movimentos populares.
A chance da proposta prosperar é quase nula. Embora o Podemos represente 20% dos deputados da Espanha, tem influência limitada no Parlamento espanhol. A posição da Espanha é claramente favorável ao acordo com o Mercosul, sendo um dos países com maior influência e proximidade com a América Latina.
O presidente do Governo da Espanha, Mariano Rajoy, juntamente com o primeiro-ministro de Portugal, Antônio Costa, reiteraram seu apoio às negociações comerciais entre a União Europeia (UE) e Mercosul. Mesmo a França que tem sido historicamente resistente, mudou sua posição sob Macron.
Do ponto de vista econômico, um acordo Mercosul-União Européia poderia representar expansão do comércio, produção, preços menores e aumento de eficiência. Isso permitiria aumento da renda e dos salários reais, beneficiando os assalariados.
Assim, se implementada, a proposta do Podemos privaria as camadas menos privilegiadas de ter acesso a um maior conjunto de bens e serviços e de ter mais oportunidades de emprego e renda. Precisamente o oposto do discurso em defesa dos oprimidos do Podemos.
Na verdade, a retórica do Podemos, como de tantos outros partidos, procura de fato agradar os lobbies protecionistas na Europa que custam bilhões de euros ao consumidor e contribuinte europeus e milhões de empregos perdidos pelo planeta. Este protecionismo de parcela importante da esquerda curiosamente se aproxima das correntes populistas de direita, hoje embaladas por Donald Trump.
Os desafios para qualquer acordo comercial são inúmeros e o o acordo Mercosul-União Européia que vem sendo tentado há quase vinte anos não constitui exceção. Mas se o acordo não for adiante que não seja pelas razões do populismo protecionista.
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