IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Histórico

Categorias

Blog do Gesner Oliveira

Guerra comercial entre EUA e China tem lado bom e o ruim

Gesner Oliveira

23/03/2018 16h11

A cruzada comercial de Donald Trump contra a China tem o lado bom e o ruim para países emergentes como o Brasil.

O lado bom é o Brasil ter sido excluído, por enquanto, da elevação de tarifa sobre o aço e o alumínio. Além disso, eventuais retaliações da China contra os EUA podem ajudar o Brasil. Um exemplo neste sentido é no mercado de soja no qual a China poderia substituir compras dos EUA para o Brasil.

O lado ruim é como o bate-boca que o país assistiu ao vivo nesta semana entre ministros do Supremo Tribunal Federal. A escalada do conflito desgasta a instituição. No caso da elevação das alíquotas do aço e alumínio pelos EUA, há risco da chamada escalada tarifária: sucessivos aumentos de tarifas de exportação, prejudicando a expansão do comércio internacional.

Um impacto ainda mais nocivo no médio prazo deriva da incerteza provocada pela súbita mudança de regras ao sabor das autoridades nacionais. E como se sabe, Trump não é muito previsível.

Trump também impôs restrições ao investimento chinês em empresas nos EUA, com a intenção de restringir o que chama de "roubo da propriedade intelectual americana". As críticas de Trump se dirigem especialmente ao déficit comercial dos EUA com os chineses, de US$ 375 bilhões em 2017. Como retaliação, os chineses divulgaram uma lista com 128 produtos importados dos EUA, passíveis de sobretaxa.

Assim, para o Brasil pode haver ganhos no curto prazo, mas perdas maiores no médio prazo. Isso porque a expansão do comércio mundial  é fundamental para o crescimento do país.  Novas oportunidades são bem vindas, mas os países emergentes são os que mais sofrem com a guerra comercial em escala planetária. Isso porque precisam de acesso aos mercados internacionais sob pena de não terem escala suficiente para competir na era da economia global.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira