O que um candidato do centro proporia para a economia
É natural que todos estejam ligados na Copa do Mundo. Mas a quatro meses das eleições presidenciais é bom começar a pensar além das quatro linhas do gramado. Passou da hora de comparar o que os candidatos à Presidência da República têm a propor para a economia.
Nesta semana, sete partidos lançaram manifesto que serviria de referência para um candidato de centro, incluindo uma visão sobre o que fazer com a economia. Uma maneira fácil de entender o que faria um candidato de centro em relação à política econômica é comparar com outros postulantes.
Um candidato de centro, ou uma dobradinha Alckmin-Marina ou Alckmin-Meirelles, teria um programa relativamente mais próximo àquele que vem sendo adotado pelo governo Temer. Isso não quer dizer que seria mais do mesmo. Seria importante transmitir à sociedade a necessidade de continuar e aprimorar as reformas iniciadas pelo atual governo. O maior desafio será fazer a reforma da previdência, algo que sempre gera resistência no Brasil e em vários outros países.
A filosofia de trabalho é a de que a economia só voltará a crescer se for ajustada, especialmente se as contas do Estado estiverem minimamente em ordem. O estado passaria a ser menos interventor na produção de bens e serviços e mais regulador.
Em contraste, um candidato da chamada esquerda, possivelmente apoiado por Lula, faria uma revisão mais profunda e possivelmente uma revogação das reformas promovidas pelo governo Temer. Questionaria a reforma trabalhista e o teto dos gastos e não implementaria a privatização da Eletrobras. Por fim, dificilmente proporia uma reforma abrangente da previdência.
Na visão de um candidato de esquerda, a estratégia seria de crescer antes para facilitar o ajuste da economia. Tal crescimento seria supostamente promovido pelo gasto público, reforçando o papel do Estado como interventor da atividade econômica.
Curiosamente, na atual conjuntura brasileira, o candidato da chamada direita, Bolsonaro, tem uma posição próxima ao de um candidato da esquerda no tocante ao papel do Estado. Como parlamentar, Bolsonaro teve uma atuação estatizante, alinhado, portanto, com um Estado interventor. Neste ponto, os extremos se aproximam. Ressalve-se que seu assessor, o economista Paulo Guedes, prega um Estado mínimo, propondo um programa de privatização mais abrangente do que aquele previsto por um candidato de centro.
É verdade que aquilo que os governantes prometem guarda pouca ou nenhuma relação com aquilo que eles prometem. Programa de campanha não é programa de governo. Mas a população anda impaciente e não está a fim de tolerar mais um estelionato eleitoral, como o que ocorreu nas eleições de 2014 nas quais Dilma prometeu uma coisa e fez outra completamente diferente em matéria econômica.
O debate sobre o que fazer com a economia terá que ser levado mais a sério. Sobretudo porque a margem de manobra para o próximo presidente será estreita. Um mundo marcado pelo dólar caro e juro alto em um país exausto depois de tantas crises não está disposto a conversa fiada. Nem mesmo se o Brasil chegar ao hexa.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.