Quem disse que somente os europeus estão nas semifinais da Copa da Rússia?
Já imaginou turcos, poloneses, bósnios, ganeses, nigerianos, albaneses e alemães jogando na mesma seleção em uma Copa do Mundo? Isso aconteceu. E foi esta seleção que ganhou de 7 a 1 do Brasil quatro anos atrás.
Por sua vez, França e Bélgica não fazem uma semifinal de europeus. Tirem os descendentes e/ou nascidos no continente e teríamos duas equipes no máximo medianas. O mesmo pode ser dito sobre a Inglaterra.
No caso francês, 78% do time é composto por imigrantes. Na Bélgica e na Inglaterra, esse número é de quase 50%. Estas seleções não chegariam às semifinais sem imigrantes.
Além da Alemanha em 2014, três semifinalistas da Copa da Rússia têm entre seus titulares imigrantes ou filho de imigrantes.
O belga Lukaku, terror da zaga brasileira na última sexta-feira é filho de congoleses. Nasceu na Bélgica e fala seis línguas, entre elas, suaíli, espanhol e até que manda bem no Português. É o significado de um mundo cada vez mais multicultural e sem fronteiras. Outro carrasco brasileiro, o francês Zinedine Zidane, é filho de argelinos.
Um processo de reformulação alemã aumentou o ingresso de imigrantes e descendentes nas categorias de base e na seleção principal. Na Copa em que os alemães perderam para os brasileiros em 2002, o ganense de nascimento Gerard Asamoah entrou para a história como o primeiro negro a vestir a camisa da Alemanha em Copas do Mundo. Em 2010, o brasileiro Cacau, também negro, fez gol pela Alemanha na Copa da África do Sul. Ainda há o caso de Miroslav Klose, nascido na Polônia e que no fatídico 7×1 se tornou o maior goleador da história das Copas, superando o nosso Ronaldo Fenômeno.
Essa nova geração de jogadores, reflete o tamanho da população imigrante na Alemanha. Dos 82 milhões de habitantes, cerca de 7 milhões têm origem estrangeira, dos quais 3 milhões são de origem turca.
Esse processo se repete nas três semifinalistas de 2018. França, Bélgica e Inglaterra têm entre seus titulares uma maioria de imigrantes ou descendentes. Há um trabalho de base, de garimpagem de jogadores, em sua maioria pobres que enxergam no futebol uma esperança de mudar de vida.
O francês Mbappé, o belga Lukaku, o inglês Sterling. Três craques que poderiam estar defendendo as cores de Argélia/Camarões, Congo e Jamaica, respectivamente e que ainda sonham em levar para a casa o título máximo do futebol em 2018.
A mobilidade de jogadores faz bem ao futebol. O mesmo se aplica à economia, mas as forças conservadoras, à direita e à esquerda, teimam em colocar barreiras à movimentação da mão de obra pelo planeta. Chegou a hora de propor soluções e incentivos inteligentes à mobilidade da mão de obra que substituam a burrice de construir muros para afastar os imigrantes.
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