Tem uma frente fria chegando da Argentina
Um jantar em Nova York em um restaurante de custo mediano, destes que o aplicativo coloca um cifrão, poderia custar US$ 80, o equivalente a 1350 pesos argentinos há um ano. O mesmo jantar hoje custaria 3100 pesos argentinos.
Isso dá uma ideia do efeito de redução do poder de compra internacional dos argentinos com a forte depreciação da moeda nacional nos últimos 12 meses. O peso argentino perdeu um pouco mais de 100% do seu valor desde o início do ano em relação ao dólar. Só para comparar: o real perdeu 28% no mesmo período.
É claro que o efeito vai muito além de um jantar em Nova Iorque. Um dólar mais caro significa custos mais elevados das matérias-primas, das importações em geral, dos custos de transporte, pressões de alta dos salários para recomposição, e portanto, aumentam os custos da economia, que repercute em uma inflação mais elevada. A inflação na Argentina em 2018 deve fechar em mais de 30%.
A Argentina não é necessariamente o Brasil amanhã. As contas externas no Brasil estão mais equilibradas, as reservas internacionais chegam a quase US$ 400 bilhões, a inflação está baixa e os juros de 6,5%, apesar de altos, nem se comparam com os 60% da Argentina.
Mas a doença argentina causa problemas ao Brasil. A indústria brasileira perde mercado, especialmente as exportações de manufaturados. O setor automotivo com sabidos efeitos de encadeamento é particularmente atingido. Um exercício econométrico sugere que para cada ponto percentual de queda na produção argentina representa 0,24 ponto percentual de redução no PIB brasileiro.
O pacote de ajuste do governo Macri que inclui um acordo com o Fundo Monetário Internacional implicará uma estagnação ou retração da economia no curto prazo. Este é o melhor cenário. No pior, o pacote dá errado, aprofunda-se a crise e a economia colapsa de vez.
A crise argentina custará empregos ao Brasil. Portanto, caro leitor, esqueça o futebol e torça pelo melhor para o país de Messi.
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