Campos Neto no Banco Central e o juro de seu empréstimo
A indicação de Roberto Campos Neto para a presidência do Banco Central (BC) é positiva e não constitui surpresa. É um profissional com perfil técnico e experiente na operação do setor e afinado com o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.
Uma curiosidade é que o avô de Campos Neto ajudou a criar a instituição financeira em 1964, como então ministro de Planejamento do governo Castelo Branco (1964-1967).
A notícia veio acompanhada de uma reação positiva ontem das ADRs de ações brasileiras no exterior. Não se espera uma variação sensível no Ibovespa ou no preço do dólar por aqui porque não houve grande surpresa na indicação.
Talvez fique uma ponta de frustração pela não continuidade de Ilan Goldfajn no Banco Central, pela gestão bem-sucedida desde sua indicação por Temer. Mas tudo indica uma transição tranquila, sem sobressaltos para a política monetária.
O Banco Central deve ser o guardião da moeda. Ilan recebeu a inflação em dois dígitos e está entregando a taxa dentro da meta para 2018, com expectativas dentro da meta para 2019 e 2020. Considerando a história inflacionária brasileira, isso justifica celebração, com direito a show de fogos em Copacabana.
Interessa ao cidadão que a nova gestão do BC continue esse trabalho, porque assegura o poder de compra dos salários e da renda em geral. Não há pesadelo maior do que a hiperinflação vivida na Venezuela, com uma taxa de inflação de um milhão!
Importante que não paire dúvida quanto à determinação do BC em combater a inflação e respeitar o regime de metas, independentemente do interesse de curto prazo do governo.
O BC não deve jogar para a arquibancada, nem atender o governo da hora. Só assim poderá cumprir sua missão. Daí a importância de prosseguir com o projeto de independência defendido por Ilan Goldfajn, e que está em linha com o pensamento da nova equipe econômica.
Por sua vez, o Tesouro precisa fazer sua parte e equilibrar as contas públicas. Nesse sentido, foi positiva a continuidade de Mansueto Almeida como secretário do Tesouro, profissional competente e dedicado ao equilíbrio fiscal.
Não basta o Banco Central fazer sua parte. A combinação adequada de política fiscal e política monetária é que poderá reduzir os juros e permitir uma recuperação mais rápida da economia.
Mas entre o juro primário, a chamada Selic, e o que o leitor paga em seu empréstimo há uma grande diferença. Isso mostra que, além da macroeconomia, o Banco Central tem uma agenda microeconômica da maior relevância, que vem sendo tocada com competência na gestão de Ilan.
Isso envolve temas como a maior concorrência no setor financeiro, o cadastro positivo de crédito, as novas regras para o rotativo do cartão de crédito, a cooperação com a autorregulação bancária para racionalizar a utilização do cheque especial e o estímulo ao funcionamento das fintechs, entre outros tantos assuntos que não estão nas manchetes, mas afetam as finanças pessoais de todos.
Roberto Campos Neto reúne as condições necessárias para continuar esse trabalho. Esta é a torcida de todos que desejam pagar juros menores sem feitiçaria e ter mais renda e emprego.
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