Juros civilizados só com reformas
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), anunciada ontem, de manter a taxa Selic em 6,5% já era esperada. Dez em cada dez economistas achavam que este seria o resultado da última reunião do Copom do ano e do governo Temer.
A decisão sobre a taxa de juros visa a manter a taxa de inflação em linha com uma meta previamente fixada. A taxa de inflação saiu do trilho no governo Dilma, chegando a 10,7% em dezembro de 2015.
A atual gestão do Banco Central teve parcela do mérito na virada do jogo, derrubando a inflação abaixo da meta. O índice em 2018 deverá fechar abaixo de 4%, diante de uma meta de 4,5%. Para 2019, o mercado projeta 4,15%, abaixo da meta de 4,25%. Para 2020, projeta 4%, coincidente com a meta.
A taxa de inflação está baixa sem nenhum controle artificial de preços. É a primeira vez nas últimas dez transições de governo que a inflação não é uma das principais dores de cabeça de um novo presidente.
Para reduzir mais a taxa de juros ou, pelo menos, evitar a subida que o mercado espera para 2019, seria necessário avançar no ajuste da economia.
Segundo o comunicado do Copom, as principais preocupações residem em uma possível deterioração do cenário externo e nas incertezas em torno da discussão sobre reformas que possam promover o ajuste das contas públicas, a começar pela da Previdência.
Nas atuais circunstâncias, é possível projetar a manutenção da taxa de juros em 2019. Trata-se de previsão mais otimista que a do mercado, que projeta uma taxa primária de 7,5% para o ano que vem.
Os sinais emitidos pelo futuro governo Bolsonaro foram no sentido de manter como prioridade o combate à inflação, com a nova gestão do Banco Central, liderada por Roberto Campos Neto. Uma aprovação da independência da instituição financeira reforçaria as expectativas otimistas.
Em contraste com a expectativa do mercado, os baixos níveis atuais de inflação permitem afirmar que a taxa Selic não precisa subir em 2019. Mas, um avanço maior de juros civilizados depende do progresso das reformas.
Daí a importância do governo Bolsonaro usar seu capital político para acelerá-las. Conforme indicam outras experiências, como a da Argentina e da França, a popularidade conquistada em uma eleição evapora se resultados práticos não forem obtidos logo.
A política pode esperar. A economia, especialmente aquela que afeta o bolso das pessoas, tem pressa!
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