Dilma Rousseff poderia assinar trechos do discurso de Bolsonaro
Como era esperado, a economia ganhou lugar de destaque nos discursos de posse de Jair Bolsonaro. O presidente assumiu um claro compromisso com uma política econômica liberal, com menor intervenção do Estado, com respeito aos contratos, às regras do livre mercado e estímulo à eficiência.
Mas, o que interessa ao brasileiro é saber, do ponto de vista prático, o que isso representa para o dia-a-dia dos brasileiros. Infelizmente, discursos de posse não costumam responder questões concretas. Bolsonaro não fugiu à regra e pelo menos teve a virtude de ser breve (ao contrário da catilinária do presidente do Senado, Eunício Oliveira). Apenas repetiu as diretrizes da política econômica nos próximos quatro anos.
Falou-se no compromisso do governo de não gastar mais do que arrecada. Na prática, a diferença entre despesas e receitas não financeiras chega a cerca de R$ 140 bilhões, projeção do chamado déficit primário. Segundo projeções do mercado, tal déficit seria revertido em um período não inferior a três anos.
Caberia perguntar em quanto tempo o governo pretende eliminar o déficit e qual é a meta para 2019. Se é para eliminar até o final deste ano como chegou a ser dito, como se pretende fazer?
Bolsonaro mencionou "reformas estruturantes que serão essenciais para a saúde financeira e sustentabilidade das contas públicas". Mas não há menção específica à reforma da Previdência, nem de como e quando seria implementada.
Também se depreende dos discursos que se pretende promover a desregulamentação, a desburocratização, uma reforma tributária e a abertura da economia. Mas, em que sequência e em quanto tempo? As perguntas persistem.
Colocados de forma genérica, alguns dos pontos do discurso de Bolsonaro poderiam ser subscritos por adversários políticos.
Ninguém menos do que Dilma Rousseff fez a seguinte afirmação em seu discurso de posse ao iniciar seu segundo mandato, em 2015: "mais que ninguém, sei que o Brasil precisa voltar a crescer. Os primeiros passos desta caminhada passam por um ajuste nas contas públicas, um aumento na poupança interna, a ampliação do investimento e a elevação da produtividade da economia." Quem discordaria?
Em contraste com o governo Dilma, no governo Bolsonaro há um compromisso com as políticas de liberalização da economia e uma equipe mais técnica, integrada e mandatada para levá-las adiante.
Nos próximos dias, Bolsonaro, já empossado, terá de detalhar e encaminhar propostas concretas para não desapontar a maioria da população que deposita esperança no novo governo. Acabou o treino, começou o jogo.
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