Previdência é necessária, mas eleitor quer empregos
A economia política do ajuste não dá ao governo Bolsonaro todo tempo do mundo. O eleitor costuma ser tão impaciente quanto a torcida em relação a um técnico de futebol.
A proposta da Previdência é essencial para equilibrar as contas públicas e tirar a União, estados e municípios da falência com o fim de privilégios absurdos. Mas só a reforma não gera os empregos necessários para reduzir o enorme estoque de desempregados deixados pela recessão de 2015/16.
O desemprego continua elevado com uma média nacional de 12,3%. Embora tenha caído em 2018, a redução foi pequena. Quando se consideram, além dos desempregados, aqueles que estão trabalhando menos horas do que gostariam e os desalentados, o número chega a mais de 27 milhões de pessoas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A gravidade do problema é ilustrada pelos dados das capitais. O desemprego é o maior em 7 anos em 13 capitais do país. 19 capitais tiveram índice de desemprego maior que a média nacional.
Metade das capitais do Norte e dois terços das do Nordeste estão nessa situação. Apenas no Centro-Oeste nenhuma capital apresentou alta na taxa de desocupação, segundo o IBGE.
O desemprego afeta mais as regiões metropolitanas do que o interior do país. Recife, Maceió, Aracaju e Salvador têm todas taxas superiores a 16%; Manaus e Macapá registraram índices acima de 18%.
Será preciso acelerar o crescimento para absorver este contingente de desempregados.
Os últimos dados da Focus registram uma projeção de crescimento de 2,48% em 2019. Embora superior à taxa de 2018 que deve ser divulgada nesta quinta, ainda é um ritmo insuficiente para colocar o desemprego em um dígito em 2020, ano das eleições municipais.
A continuidade das reformas depende também de certa legitimação das urnas, o que, por sua vez, passa pelo teste das eleições municipais de 2020. Embora prevaleçam as questões locais nestes pleitos, vai pesar a avaliação do eleitor sobre se sua vida melhorou com a nova economia de Bolsonaro.
Dois fatores serão cruciais para acelerar o ritmo de crescimento. Primeiro, uma tramitação tanto mais rápida quanto possível do projeto de reforma da Previdência para concretizar as expectativas otimistas dos investidores. Segundo, a retomada dos investimentos em infraestrutura. Nenhum deles é trivial.
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