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Blog do Gesner Oliveira

Emprego não está bombando, mas retomada continua

Gesner Oliveira

19/10/2017 20h14

Após tropeço em agosto, os dados de setembro confirmam que a economia continua em recuperação. No mercado de trabalho, embora abaixo do previsto, os empregos com carteira assinada cresceram pelo sexto mês consecutivo, com a criação líquida de cerca de 34 mil postos de trabalho.

Por sua vez, a arrecadação teve o melhor mês de setembro desde 2015, em resposta às adesões do programa de parcelamento especial de débitos tributários, o chamado Refis.

O saldo de empregos formais criados de janeiro a setembro deste ano já passa de 208 mil. Nada perto das 2,8 milhões de vagas destruídas no biênio 2015/16, mas já é alguma coisa. Quase metade das 466 mil vagas fechadas nos últimos 12 meses. O mercado de trabalho foi um dos que mais sofreu com a crise e sua resposta aos movimentos da economia demoram.

O resultado de 34.392 vagas CLT criadas em setembro foi puxado principalmente pela indústria de transformação, com 25 mil vagas. O setor de comércio, com 15 mil e o de serviços, com 3 mil também contribuíram. Em contraste, a agropecuária decepcionou com eliminação de pouco mais de 8 mil empregos. A baixa foi explicada pelo cultivo de café, que destruiu mais de 12 mil vagas.

Do total de empregos gerados no mês, 29 mil vagas vieram do Nordeste. A região é a única com saldo negativo no ano, com perda de 30 mil vagas. Os estados de Pernambuco e Alagoas lideraram a alta. A região Sudeste perdeu mais de 8 mil vagas, sendo metade delas no Rio de Janeiro, o estado com o pior resultado no mês.

Outra indicação de que a roda da economia está girando veio da arrecadação da Receita Federal. Ninguém gosta de pagar impostos, ainda mais sem receber os serviços prometidos de volta. Mas as receitas do governo também são um bom termômetro da situação da economia. Quanto mais as empresas lucram ou o país importa, por exemplo, mais impostos a União arrecada. E foi isso que ajudou a explicar o resultado de R$ 105,5 bilhões de arrecadação em setembro, uma alta real de 8,66% na comparação com o mesmo período em 2016.

Por fim, vale ressaltar que as adesões ao Refis, programa que permite o parcelamento especial de débitos tributários com a União, renderam R$ 3,4 bilhões em setembro. Desde o começo do ano já são R$ 10,9 bilhões arrecadados.

É muito pouco para enfrentar a pindaíba das contas do governo. Mas pelo menos a economia está em marcha. Até quando? Depende da vontade reformista do Congresso.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira