Governo parece acuado, mas pode contra-atacar com reformas
Terminado o lenga-lenga da segunda denúncia no Congresso, o Brasil pode voltar a discutir o que realmente importa para a população. Com apenas 251 votos contrários à denúncia, a grande questão que fica é se o governo terá força para continuar tocando a agenda de reformas. Ao contrário do que muitos acreditam, a resposta é afirmativa.
Em agosto deste ano, na votação da primeira denúncia, Temer obteve 263 votos a seu favor, 12 votos a mais do que desta vez. Além disso, são precisos bem mais votos para votar uma proposta de emenda à Constituição (PEC), como a da Previdência: 308 ou 3/5 do total de deputados. Isso levaria a crer que o governo, apesar de ter sobrevivido, teria saído enfraquecido da votação da segunda denúncia, incapaz de obter uma maioria qualificada no Congresso.
Mas a questão não é aritmética. Muitos votos obtidos pelo governo para barrar a denúncia não irão para as reformas. E muita gente que votou pelo prosseguimento da denúncia pode votar pelas reformas. A votação de medidas reformistas neste final de governo será diferente. Um outro jogo.
A chance de recomposição da base para a votação das reformas dependerá de dois fatores principais. Primeiro da economia. Os indicadores de atividade vão surpreender os mais otimistas O PIB vai crescer próximo de 1% neste ano e de 3% em 2018. Com inflação baixa e juros caindo, o contraste com o Governo Dilma será patente.
Segundo, não há cardápio alternativo. O déficit estrutural da previdência é um fato. Sua negação é jogo para arquibancada. Vários setores gostariam de ver uma reforma já, feita por um presidente impopular, a deixar a bomba para o próximo presidente. Vão continuar malhando o Temer, mas torcendo para que medidas fundamentais sejam tomadas ainda em seu mandato.
De fato, a agenda positiva pós-denúncia já começou. A Previdência, embora em uma versão mais enxuta, constitui a peça mais polêmica. Mas há outras medidas em curso como a liberação, no primeiro trimestre de 2018, de uma nova rodada de saques do PIS/Pasep e o processo de privatização da Eletrobras.
Amanhã ocorrerão a 2ª e 3ª Rodadas do Pré-Sal, cujo bônus de assinatura já está fixado em R$ 7,75 bilhões. Espera-se forte concorrência com a presença de diversos grupos estrangeiros e mais um sucesso no âmbito do Programa de Parcerias de Investimento (PPI). Os investimentos estimados nas áreas leiloadas chegam a R$ 100 bilhões para um período de dez anos.
O placar de votações individuais é ilusório, mais ou menos como o tempo de posse de bola em um jogo de futebol. Por vezes, um time fica pouco tempo com a bola nos pés, mas é eficiente na finalização. Da mesma forma um governo dominado, aparentemente acuado no campo de defesa pode acertar dois ou três contra-ataques que colocam a economia brasileira em outro patamar.
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