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Blog do Gesner Oliveira

Como a nomeação de Jerome Powell por Trump afeta seu bolso

Gesner Oliveira

02/11/2017 19h26

A esperada nomeação de Jerome Powell para o Banco Central dos EUA (FED, na sigla em inglês), formalizada nesta tarde pelo Presidente Donald Trump, vai ajudar a reduzir os juros, frear a subida do dólar e contribuir para a alta da bolsa aqui no Brasil.

Jerome Powell representa a continuidade na política monetária dos EUA. Em termos práticos, isso quer dizer que será mantida a elevação gradual da taxa de juros no país. Se Trump tivesse optado por John Taylor, um renomado professor da Universidade de Stanford, na California, e crítico da atual política monetária dos EUA, haveria uma imediata reação do mercado esperando uma elevação dos juros e consequente encarecimento do dólar em relação às outras moedas (como o Real) e queda nas bolsas.

Com Powell, parte da aflição com elevação súbita da taxa de juros nos EUA foi embora. Isso é bom para o Brasil que precisa reduzir juros para fortalecer a recuperação que está em curso. Também alivia a pressão sobre o preço do dólar em reais que subiu no período recente.

Uma subida súbita na taxa de juros dos EUA desviaria os capitais para o mercado americano em prejuízo dos investimentos nos países emergentes.

A atual presidente Janet Yellen, primeira mulher a liderar o banco central dos EUA, deixa o cargo com o melhor desempenho em termos de baixa inflação e desemprego. Foi criticada pelo candidato Trump na campanha eleitoral, mas recebeu elogios  do agora presidente Trump na cerimônia de anúncio do novo presidente do FED.

O FED é importante, mas não é tudo. Além da política monetária, é preciso levar em conta a situação fiscal. Trump quer fazer uma audaciosa redução de impostos que pode piorar ainda mais a situação da dívida nos EUA e exigir aumento dos juros.

Por fim, a economia dos EUA está aquecida e o aumento dos juros é iminente. A boa política monetária requer muito mais do que a técnica. O segredo do sucesso reside na arte de calibrar corretamente o estímulo à economia. O desempenho de países emergentes como o Brasil depende em grande medida dessa habilidade. Estamos no mesmo barco de Jerome Powell.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira