IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Histórico

Categorias

Blog do Gesner Oliveira

Atrasar reforma é atrasar recuperação e privilegiar os que ganham mais

Gesner Oliveira

08/11/2017 19h24

Nesta terça feira (7), o Índice Bovespa fechou em baixa de 2,55%, a 72.414 pontos. A maior queda diária desde 18 de maio, na divulgação das gravações da JBS que desencadearam nova crise política no país. O motivo desta vez, porém, é outro: o adiamento da reforma da Previdência.

A equipe econômica e o governo têm cada vez mais manifestado as suas preocupações pela possibilidade de uma derrota do governo ao tentar aprovar a proposta de reforma da previdência. A cada notícia contra a reforma, o mercado cai. A alta volatilidade do Índice Bovespa nos últimos tempos devido a notícias referentes à previdência mostra a sensibilidade do mercado para o tema.

De alguns anos para cá, o governo tem mostrado que têm dificuldade de fechar as contas. A previsão para este ano de 2017 é que as contas do governo em 2017 tenham um déficit de R$ 159 bilhões. Ou seja, o governo gastará – de novo – mais do que arrecadou. A surpresa – para alguns – está no quanto deste déficit se refere ao pagamento de aposentadorias e pensões. Neste ano, o déficit da previdência está previsto para R$ 260 bilhões. Ou seja, não é exagero dizer que todo o déficit público provém da Previdência.

Isso significa que – embora necessárias – não adiantam privatizações, redução das taxas de juros e controle da inflação, se não for aprovada esta fundamental reforma. A inflação voltará a aumentar e as taxas de juros voltarão a subir à medida que o governo continua sinalizando que não tem capacidade de pagar as suas contas.

Mais do que isso, a permanência dessa situação, coloca em risco a possibilidade das novas gerações receber esses benefícios que estão sendo oferecidos hoje. É caso do Rio de Janeiro que não conseguiu colocar as contas públicas em dia e se viu obrigado a parcelar salários e não consegue pagar os benefícios para os funcionários públicos do estado.

Além de colocar as contas públicas no azul, necessária para garantir os benefícios das próximas gerações, a reforma da previdência tem um caráter redistributivo. Ela acabará com alguns privilégios e anomalias no país. Hoje, o sistema previdenciário beneficia aqueles que ganham mais. Os pobres que ganham menos (desempregados e trabalhadores informais) transferem renda para aqueles que ganham mais. A reforma é urgente e não deveria ficar para 2018.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira