Inflação tolerável, desemprego insuportável
Depois de fechar 2015 em 10,7% e 2016 em 6,3%, 2017 caminha para terminar o ano com uma inflação próxima de 3,0%. O principal motivo para a inflação estar em níveis baixos para padrões brasileiros foi a queda no preço dos alimentos. De janeiro a outubro, os alimentos sofreram uma deflação, de 2,03.
O índice oficial de inflação (IPCA) apresentou alta de 0,42% no mês de outubro. No acumulado em 12 meses, a alta é de 2,70%. É o menor valor acumulado para o mês desde 1998. Bom para o brasileiro – muitos dos quais viveram um cenário de hiperinflação com preços reajustados diariamente – que vê, no seu dia a dia, os preços mais estáveis.
Uma sociedade com inflação elevada é afetada negativamente de duas maneiras: o chamado "custo de sola de sapato" e os "custos de menu". Em tempos inflacionários, é necessário comparar os preços obsessivamente (daí "sola de sapato") e aproveitar para realizar compras antes que os preços subam rapidamente.
Além disso, com a dança dos preços, os vendedores precisam atualizar com grande frequência as listas de preços (daí "custos de menu", como se fosse um restaurante).
Ambos os processos consomem muitos recursos que poderiam ser alocados em outras atividades mais produtivas. Por isso a inflação atrapalhou tanto a economia brasileira no passado.
Preços estáveis, por outro lado, beneficiam os consumidores através do seu poder de compra. A forte queda da inflação tem provocado uma melhora dos rendimentos dos trabalhadores em termos reais (salários descontados pela inflação). Os reajustes nominais obtidos nos dissídios coletivos foram maiores do que a inflação acumulada no período. O salário real dos cresceu 2,5% de outubro de 2016 a setembro de 2017.
O crescimento da massa salarial tem sido um importante para a retomada do consumo das famílias ao longo deste ano e deve se manter em 2018. Já a inflação deve crescer um pouco, mas continuar em nível tolerável, devendo fechar 2018 próxima a 4,0%.
Inflação baixa permite um juro menor. O cenário para 2018 abre espaço para o Banco Central pelo menos manter a taxa Selic em 7,0% a,a..
Com a economia mais aquecida, vai ser a vez do desemprego – a última variável a responder os ciclos econômicos e o maior fantasma para os brasileiros neste momento.
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