Rebaixaram o Brasil, e daí?
O rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela Standard & Poor´s (S&P) mal arranhou a economia brasileira. De certa forma, o anúncio já estava precificado. O otimismo moderado permanece e se reflete na Bolsa e nas projeções para o próximo ano.
Em sua máxima histórica, o índice Ibovespa começou o ano com tudo. De 76.402 pontos no último pregão de 2017, o índice hoje tangencia os 80 mil pontos, com viés de alta. As expectativas estão otimistas com a provável manutenção dos juros em patamares baixos ao longo do ano. Com a melhora das receitas do governo, a notícia de que o déficit fiscal do ano passado deve fechar com folga de ao menos R$ 30 bilhões frente à meta de R$ 159 bilhões também agradou o mercado.
A bolsa acumulou alta de 76% no biênio 2016/17. Dois anos seguidos de crescimento que não ocorriam desde 2010. Apesar da volatilidade com as eleições, a previsão é de um tricampeonato neste ano, em parte porque a mera recuperação da economia terá efeito positivo sobre os resultados operacionais das empresas.
Os "gringos" também parecem otimistas. Estima-se que a entrada de recursos estrangeiros na bolsa nos oito primeiros pregões do ano seja a maior em pelo menos 14 anos. Os cerca de R$ 3,3 bilhões injetados representa um quarto do montante total do ano passado. O volume a ser captado pelas empresas que já se posicionam para fazer IPO (Initial Public Offering) pode passar dos R$ 10 bilhões. São ao menos 11 empresas, com destaque para os setores de shopping centers e de saúde.
Em 2017 foram movimentados mais de R$ 42 bilhões com ofertas de ações, incluindo IPOs e operações de empresas já listadas na bolsa. Foi o maior resultado desde 2009, quando R$ 47 bilhões foram captados. Para 2019 a expectativa é que as ofertas de ações atinjam cerca de R$ 35 bilhões.
Pela primeira vez o boletim Focus do Banco Central trouxe as projeções dos analistas para o ano que vem. A alta esperada de 2,8% no PIB e a Selic em 8% indicam relativo otimismo.
Não se sabe quem concorrerá para a Presidência, quanto mais o que acontecerá em 2019. Mas é possível fazer algumas estimativas. A depender do vencedor das eleições e de sua agenda de governo, o PIB no médio prazo poderia variar, em média, entre 1,5% e 3,5%. Da mesma forma, a evolução da dívida bruta/PIB pode sair de 75,1% neste ano e caminhar para 114,6% em 2030. Ou 41,7%, se tudo der certo.
O cenário pessimista supõe a volta do populismo. A agenda de reformas que o país precisa e que é vendida como "impopular" ficaria de lado, com total descaso das contas públicas. A reforma da Previdência não seria aprovada e o Orçamento continuaria engessado. A relação dívida/PIB continuaria subindo de forma explosiva, elevando o preço do dólar e refletindo na alta de inflação e juros.
O cenário mais otimista supõe uma aceleração da aprovação de agendas de ajuste fiscal e de produtividade. Uma reforma da Previdência "ousada" seria aprovada e o Congresso atacaria outras despesas obrigatórias como subsídios de baixo retorno social. A reforma tributária conseguiria contemplar a racionalização do ICMS, o Brasil e o Mercosul avançariam em acordos comerciais e a agenda de privatizações e concessões estimularia o investimento em infraestrutura.
Nem com Neymar, Coutinho e companhia dá para cravar o hexa, o que dizer do cenário otimista para a economia no médio prazo? Por ora, a certeza é que, a despeito do rebaixamento do Brasil pela S&P, a recuperação em curso deve manter a bolsa aquecida e fazer o PIB em 2018 fechar acima de 3%. Para além de 2018 o exercício de projeção pode precisar de uma bola de cristal.
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