A falta de segurança castiga a economia
Uma boa parcela do caos da segurança no Rio de Janeiro pode ser atribuída à crise econômica, embora a maior responsabilidade recaia sobre a sucessão de governos negligentes em relação à criminalidade, quando não coniventes com ela. O circuito perverso se fecha quando o caos da segurança afeta a economia, condenando o estado ou o país ao atraso crônico.
China, Estados Unidos, Europa, Indonésia, Oceania e África do Sul, que representam um terço da população mundial, registraram 60 mil homicídios em 2015. O mesmo número do Brasil que tem apenas 3% da população do planeta!
É intuitivo que a falta de segurança prejudica a economia. Ninguém quer investir em áreas de conflito e violência. O consumidor foge e aumentam os custos para manutenção do negócio. Diante do cenário adverso, é preciso que o governo adote medidas de prevenção e execute os gastos indispensáveis para a política de segurança.
A falta de segurança pública afugenta investimentos e eleva o grau de despesas improdutivas da economia. Quando não há um ambiente seguro, o empresário se vê obrigado a direcionar recursos a esta área, retirando valores que estariam melhor aplicados no aumento da produtividade.
Dos R$ 258 bilhões gastos com os custos da segurança pública e da violência no Brasil em 2015, só R$ 65 bilhões são despesas com políticas públicas de segurança e com o sistema prisional. A maior parte do valor está relacionada ao custo social da violência – que inclui despesas com mortes e gastos com saúde – um total de R$ 193 bilhões. Isso significa que o país gasta três vezes mais com os efeitos perversos da violência do que com suas causas.
Após dois anos de recessão, a economia voltou a crescer em 2017. No ano passado, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado pelo Banco Central, registrou uma expansão de 1,04% na comparação com 2016. Este resultado poderia ser maior se o problema da segurança pública não fosse tão grave.
Muros cada vez mais altos, monitoramento eletrônico avançado, vigias e seguros. As empresas são obrigadas a se tornar verdadeiras fortalezas para compensar a falta de segurança pública. Em 2016, as indústrias tiveram prejuízo de R$ 27 bilhões com roubos, furtos, vandalismo e gastos com seguros e segurança privada, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 2.952 companhias. A pesquisa mostra que quase um terço das empresas do setor foi vítima de crimes naquele ano.
Além de afetar o caixa das companhias, que perdem bens e gastam mais dinheiro para evitar os prejuízos, a falta de segurança tem um efeito perverso na produtividade. Recursos que seriam aplicados na produção, são desviados para a segurança. Os trabalhadores e suas famílias amargam uma permanente insegurança nos locais de trabalho e no deslocamento para suas residências. O Brasil chegou a um ponto no qual não dá mais para discutir crescimento sustentado sem uma solução duradoura para a ausência de segurança pública.
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