Acordo Mercosul-União Europeia: agora vai?
Será que a novela do acordo União Europeia-Mercosul está em seus capítulos finais? Impossível dizer com certeza, mas a conjuntura nunca esteve tão favorável para um entendimento.
Do ponto de vista da União Europeia, houve mudanças importantes desde que o Presidente francês, Emanuel Macron declarou em 26 de janeiro deste ano que ¨é pertinente tentar finalizar rapidamente o acordo no contexto geopolítico atual¨. Essa mudança de posição daquele que vinha sendo o principal país contrário ao acordo é mais uma luz verde importante.
Isso apesar dos protestos recentes de agricultores franceses que terão de concorrer com entre 70 mil e 99 mil toneladas de carne bovina sul-americana sem tarifas de importação.
O contexto político é agora bastante diverso. O Reino Unido deve deixar o bloco econômico em 2019 e, em paralelo, os EUA têm se afastado da abordagem multilateral com a União Europeia. Além disso, o ataque protecionista de Donald Trump obriga a União Europeia a abrir novas frentes de negociação. Assim, China, União Europeia e outros blocos de países percebem novas oportunidades e estão mais abertos a acordos.
Do ponto de vista do Mercosul, pela primeira vez depois de muitos anos, há um alinhamento de política econômica. Argentina, Brasil e Paraguai têm regimes mais liberalizantes e favoráveis a uma certa liberalização comercial.
Até recentemente, Mercosul era um grupo com uma agenda preponderantemente politica e fortemente influenciada pelo bolivarianismo, cujo o maior representante era a Venezuela. O quadro mudou completamente. A Venezuela não está no bloco, foi suspensa em julho passado devido à ruptura da ordem democrática, e agora deve prevalecer uma agenda mais pragmática e, na medida do possível, liberalizante. Dilma Roussef e Cristina Kirchner foram destronadas no Brasil e Argentina, respectivamente.
A situação brasileira também pode ser favorável. Para o Governo Temer, lograr acordo com União Europeia depois de 19 anos de tentativas fracassadas, seria um golaço. Quase que uma compensação pelo fracasso em relação à reforma da previdência.
Lembre-se que o próprio Tratado de Assunção, que criou o Mercosul como uma União Aduaneira, é de 1994, no apagar das luzes de um governo igualmente de transição, o Governo Itamar Franco.
Se bem negociado, um acordo União Europeia -Mercosul é bem-vindo. Amplia os caminhos do comércio bilateral, aumentando potencial de crescimento de médio prazo para os países do Mercosul e para o Brasil em particular. Pode até dar certo.
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