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Blog do Gesner Oliveira

Recuperação da economia segue com cenário inflacionário benéfico

Gesner Oliveira

24/03/2018 09h02

A inflação oficial do país no mês de fevereiro ficou em 0,10%, a taxa mais baixa para março desde 2000. É a continuação da desaceleração que reitera o comunicado do Copom para mais uma redução na taxa de juros.

O acumulado dos últimos doze meses foi de 2,80%, ficando ligeiramente abaixo dos 2,86% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. É o menor nível desde 2007 (2,99%).

Como esperado, a divulgação mostrou que não houve pressões de preços relevantes durante o mês. O grupo alimentação e bebidas voltou a registrar deflação de 0,07, puxado pela queda de 0,29% do subgrupo alimentos no domicílio.

Outros grupos importantes, com elevado peso no indicador final também apresentaram taxas módicas, como o grupo habitação que subiu apenas 0,13%; e o grupo transportes que apresentou alta de 0,07%, beneficiado pela queda de 13,5% das passagens aéreas e a acomodação dos preços dos combustíveis.

A queda em relação ao mês anterior foi puxada pelas tarifas de telefone fixo, que sofreram redução de 0,94% em função da redução nas tarifas das ligações locais e interurbanas de fixo para móvel em vigor desde 25 de fevereiro.

A maior alta de preços foi observada no grupo de Saúde e cuidados pessoais, que avançou 0,54%. A pressão neste grupo, segundo o IBGE, partiu do reajuste em planos de saúde (1,06%).

Por outro lado, seguem pressionando esse grupo de despesas itens como combustíveis, principalmente a gasolina, que exerceu o maior impacto individual no IPCA, e o etanol. Também sofreram reajuste os valores do ônibus urbano e intermunicipais.

Se continuar dessa forma, o Copom possui espaço suficiente para seguir com sua sinalização, e reduzir a taxa Selic em mais 0,25 pontos percentuais na reunião dos dias 15 e 16 de maio, levando a taxa básica da economia para 6,25% ao ano.

Outro ponto a ser observado é a da confiança do consumidor. O indicador aumentou em 4,6 pontos em março, segundo Fundação Getulio Vargas (FGV).  Cresceram tanto as avaliações sobre a situação atual quanto as expectativas em relação aos próximos meses. A recuperação gradual da situação atual contribui para que os consumidores se sintam mais confiantes para novas compras.

Os dados sugerem recuperação gradual da economia. Inflação e taxa de juros em mínimas histórias. Consumo levemente aquecido e desemprego diminuindo. A sustentação dessa melhora gradual dependerá, contudo, de eventos negativos no âmbito político ou econômico acontecerem nos próximos capítulos.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira