Temer e Bolsonaro na república das pautas bomba
A maioria da população brasileira associa proclamação da República a pouco mais do que um feriadão na próxima semana. Foi positivo neste sentido o encontro republicano de Bolsonaro e Temer para cooperar em soluções para a crise.
Trata-se da primeira reunião de transição de governo entre dois presidentes – atual e futuro – com um objetivo ambicioso de cooperação depois de uma campanha dura na qual sobrou pontapé acima da medalhinha. O mais próximo da atual transição foi a passagem de bastão de Fernando Henrique para Lula em 2002.
No encontro desta terça-feira, Temer se comprometeu a encaminhar para votação no Congresso projetos de interesse de Bolsonaro. No entanto, tudo indica que será necessário passar mais tempo desativando as várias pautas-bomba prestes a explodir do que em novas propostas.
No mesmo dia do encontro o Senado aprovou a elevação em 16% do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que gerará um efeito cascata no conjunto do Poder Judiciário e no Ministério Público. Estima-se que esta brincadeira irresponsável pode custar algo em torno de R$ 6 bilhões aos cofres públicos.
Há um amplo terreno de cooperação entre os dois presidentes. A reforma da Previdência é a mais importante, embora seja difícil imaginar sua aprovação, ainda neste ano, de forma ampla o suficiente para resolver o problema inadiável do desequilíbrio da Previdência.
É possível, porém, imaginar mudanças pontuais que podem ajudar. Isso reforçaria o clima de otimismo, a tendência de alta da Bolsa e a queda do preço do dólar.
A herança de Temer para Bolsonaro tem uma parte bendita e outra maldita. A inflação baixa é a principal peça da herança bendita. Os dados da inflação de outubro desaceleraram. O índice de preços ao consumidor ampliado (IPCA) registrou 0,45%, ante uma previsão de 0,55%. O índice geral de preços – disponibilidade interna (IGP-DI) acusou 0,26% em outubro, contra uma expectativa do mercado de um aumento de 0,5%.
Se o novo governo conseguir avançar nas reformas, haverá um efeito positivo sobre as expectativas inflacionárias e abrirá espaço para reduzir a taxa de juros. Isso criaria condições para a economia crescer de forma mais vigorosa. E, mais importante, geraria empregos que estão faltando para cerca de 27 milhões de brasileiros subocupados.
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