G2 foi mais importante do que o G20: Trégua EUA-China ajuda economia.

Os mercados reagiram bem aos resultados da reunião do G20 realizada na Argentina neste último final de semana.
Apesar do peso do grupo – que representa 90% do PIB mundial e 80% do comércio internacional – reuniões deste tipo não costumam gerar resultados concretos, mas esta foi uma exceção. O encontro serviu para diminuir a tensão comercial entre EUA e China.
Pode-se dizer que a reunião mais importante não foi a do G20, mas sim a do "G2", que ocorreu fora da programação oficial em um jantar o sábado à noite entre os líderes Donald Trump e Xi Jinping Trump concordou em suspender por 90 dias o seu plano de subir de 10% para 25% as tarifas americanas a um conjunto de produtos chineses que representa montante de US$ 200 bilhões. Já a China aceitou discutir "mudanças estruturais" na sua política econômica.
Os resultados são incertos, mas no curto prazo o efeito deverá ser positivo nos mercados financeiros, pois fica afastado temporariamente o temido cenário de sucessivas retaliações comerciais entre EUA e China.
A trégua americana de 90 dias aos chineses não deverá ser tranquila. Será um período intenso em discussões sobre não apenas níveis de tarifas de importação, mas barreiras não tarifárias, propriedade intelectual e transferência de tecnologia. Será um cardápio muito menos apetitoso do que a carne argentina, as panquecas de doce de leite e o vinho de Mendonza servidos na noite de sábado para Trump e Xi Jinping.
Do ponto de vista do mercado financeiro, a perspectiva de curto prazo é de alta das bolsas internacionais, reforçada pelas recentes manifestações do Banco Central dos EUA de que os juros não devem subir tanto quanto se esperava.
Ao cenário externo favorável se soma a uma melhora das expectativas no Brasil. A Pesquisa Focus confirmou as expectativas mais otimistas em relação à inflação.. Os números da inflação estão baixos. O IPCA que será divulgado na próxima sexta-feira deve registrar uma pequena deflação.
Este alívio temporário no cenário externo combinado ao aumento da confiança no cenário interno reforçam a recuperação da produção e do emprego que está em curso em 2018 e poderá vir a se fortalecer em 2019.