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Votem contra ou a favor da denúncia. Mas rápido!

Gesner Oliveira

01/08/2017 10h14

A provável rejeição da denúncia contra o Presidente Temer no plenário da Câmara dos Deputados afeta sua vida de várias maneiras. A questão central é se a recuperação da economia toma fôlego ou é interrompida com a votação desta semana.

O tempo é a variável chave, se a decisão for tomada sem maiores delongas, a economia sofre menos. Se o processo se arrastar, aumenta a incerteza e produção e emprego ficam estagnados.

Hoje a oposição não possui os votos necessários para derrotar o presidente. De acordo com exercício estatístico elaborado pela consultoria Numbers Care, com 99% de chances os votos a favor da denúncia ficarão entre 255 e 306, abaixo dos 342 necessários. O mercado precificou em parte a vitória de Temer e os indicadores financeiros praticamente já se recuperaram desde o acordo Janot-Joesley. Ontem o dólar fechou em R$ 3,12, menor nível desde o dia 15 de maio, e a bolsa subiu 0,65%, para 65.920 pontos, fechando julho com alta de 4,80%.

O placar importa. Uma vitória folgada contra a denúncia indicaria a capacidade de aprovação de medidas no Congresso, um dos poucos ativos do Governo Temer. Uma vitória suada não terá o mesmo efeito. A situação fiscal não aguenta mais esperar o tempo da política e o mercado sabe disso.

A economia no curto prazo tem dado sinais de que se recupera lentamente. A inflação caiu fortemente nos últimos meses e abriu espaço para a redução dos juros. O Banco Central deve manter o ritmo de queda de 1 ponto percentual da Selic na próxima reunião, em setembro, levando a taxa para 8,25% ao ano. O crédito para pessoas físicas e jurídicas tem se recuperado e a inadimplência média caiu de 4% para 3,7%. Como em todo o resto da economia, a situação no mercado de trabalho continua crítica, mas parou de piorar. A taxa de desemprego recuou de 13,3% para 13% em junho, com a criação de 73 mil vagas CLT.

Se a rápida superação da crise traz boas notícias, uma derrota ou adiamento da decisão tendem a afetar negativamente a sua vida. Uma vez afastado, o processo de substituição de Temer poderia se alongar até maio do ano que vem. Até lá a roda da economia fica parada, já que nenhuma das medidas que importam avançariam no Congresso. Adiar a decisão também não resolve. Quem vai sair gastando, contratando mão de obra ou investindo em um país que não se sabe quem será o presidente?

A demora na definição da situação do presidente acarretaria maior desemprego, reversão da queda dos juros e aumento do risco. Bom para profissionais do mercado que operam bem em tempos difíceis. Mas péssimo para a maioria das pessoas que querem emprego, proteção de sua poupança e solução para suas dívidas.

A votação desta quarta-feira afeta a vida de todos os brasileiros. Seria ingênuo pedir que os parlamentares coloquem o interesse do país acima de tudo. Mas é razoável exigir que ao menos decidam rápido.

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Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

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