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Não caia no cheque especial!

Gesner Oliveira

17/01/2018 18h30

O Banco Central (BC) tem pressionado os bancos para que reduzam as taxas de juros do cheque especial. A medida é positiva e tem o mesmo objetivo das mudanças nas regras do rotativo do cartão de crédito feitas no ano passado: diminuir o endividamento das famílias. Mas a dica continua a mesma: com BC ou sem BC, não caia no cheque especial!

O cheque especial é uma das formas de os bancos emprestarem às famílias. Com base nas informações do cliente e de sua movimentação financeira, é estipulado um limite de crédito. A pessoa pode então gastar mais do que tem na conta, mas como não oferece nenhum tipo de garantia ao banco, as taxas de juros são estratosféricas.

De acordo com os últimos dados disponíveis, para o mês de novembro, as taxas de juros para pessoas físicas que tomam crédito via cheque especial são, em média, de 323,7% ao ano. Um empréstimo de R$ 1 mil, por exemplo, se transforma em uma dívida de R$ 4.237 ao final de um ano! Trata-se da segunda maior taxa, só perdendo para o rotativo do cartão de crédito, de 333,8%. O pagamento parcelado no cartão de crédito está um pouco mais em conta e terminou o mês com uma taxa média de 168,5%.

A taxa do cheque especial já foi maior. Ao longo de 2017, até novembro, a queda na taxa do cheque especial foi de cerca de cinco pontos percentuais. Em 12 meses, houve queda de quase sete pontos percentuais. A iniciativa do Banco Central pode induzir a uma queda maior.

O problema do cheque especial e de modalidades de crédito muito caras é que o risco de um empréstimo virar uma bola de neve é enorme. Além das taxas elevadas, há cobrança de multa sobre o total da dívida, caso a pessoa não tenha o dinheiro na hora da cobrança ou tenha gastado mais que o crédito estipulado.  O melhor a se fazer é manter-se longe dessas taxas e só usá-las em casos de emergência!

A ideia do BC é exatamente a de reduzir o nível de endividamento, criando mais alternativas para os consumidores tomarem emprestado. No ano passado foram feitas mudanças nas regras do rotativo do cartão de crédito, induzindo a criação de linhas de crédito mais baratas.

Independente do que acontecer com as taxas do cheque especial, é difícil imaginar novas taxas que não pesem tanto no bolso do brasileiro. Portanto, não caia no cheque especial. Muito menos no rotativo do cartão de crédito! Para isso, o primeiro passo é organizar as contas em casa e montar um orçamento. Saber quanto (e onde) gasta é fundamental. Ficou no vermelho? Há alternativas mais baratas do que o cheque especial.

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Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

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