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Bye bye, dólar barato

Gesner Oliveira

25/04/2018 11h26

É mais fácil acertar a previsão do tempo do que o preço do dólar. Mas ajuda pensar em duas forças que influenciam o preço da moeda estrangeira: os cenários externo e interno.

Em relação ao cenário externo, três fatores têm pressionado o dólar para cima. Em primeiro, o preço do petróleo no mercado mundial tem subido, chegando a US$ 73 o barril. Em segundo, a economia dos Estados Unidos dá frequentes sinais de aquecimento. Em terceiro, o aumento do protecionismo da Era Trump e consequentes tensões comerciais entre EUA e China elevam os custos do comércio exterior.

Tudo isso faz com que as expectativas de inflação dos Estados Unidos subam, aumentando as projeções de elevação da taxa de juros daquele país. Os juros mais altos dos EUA funcionam como um grande aspirador de dinheiro no planeta.

Investidores ao redor do mundo buscam melhores taxas e investimentos denominados em dólar, aumentando a demanda por esta moeda e, consequentemente, o seu preço em relação a outras moedas. Assim, o dólar fica mais caro não apenas em termos de reais, mas de diversas outras moedas, especialmente de países emergentes.

Por sua vez, do ponto de vista interno, persiste a incerteza em relação ao rumo da política econômica a partir de 2019, quando a nova administração a ser eleita em outubro toma posse. O único amortecedor é o enorme volume de reservas internacionais do Banco Central (quase US$ 400 bilhões), mostrando ao mercado que as autoridades monetárias têm munição para segurar uma explosão do preço do dólar.

Portanto, se o leitor planeja comprar dólares para viajar para o exterior terá de encarar um patamar mais elevado do que na virada de 2017 para 2018 (R$3,20 a R$ 3,30). Agora, o preço está na faixa de R$3,40 a R$3,50 e nada indica que vai ceder.

Além disso, prepare-se para as flutuações diárias que lembram uma montanha russa em Orlando, mas é o que o mercado chama de volatilidade. Fique alerta, portanto, ao planejar o orçamento de uma possível viagem de férias no exterior. Mas não deixe de aproveitá-la com a família!

 

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Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

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