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Temer e Bolsonaro na república das pautas bomba

Gesner Oliveira

08/11/2018 11h52

A maioria da população brasileira associa proclamação da República a pouco mais do que um feriadão na próxima semana. Foi positivo neste sentido o encontro republicano de Bolsonaro e Temer para cooperar em soluções para a crise.

Trata-se da primeira reunião de transição de governo entre dois presidentes – atual e futuro – com um objetivo ambicioso de cooperação depois de uma campanha dura na qual sobrou pontapé acima da medalhinha.  O mais próximo da atual transição foi a passagem de bastão de Fernando Henrique para Lula em 2002.

No encontro desta terça-feira, Temer se comprometeu a encaminhar para votação no Congresso projetos de interesse de Bolsonaro. No entanto, tudo indica que será necessário passar mais tempo desativando as várias  pautas-bomba prestes a explodir do que em novas propostas.

No mesmo dia do encontro o Senado aprovou a elevação em 16% do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que gerará um efeito cascata no conjunto do Poder Judiciário e no Ministério Público. Estima-se que esta brincadeira irresponsável  pode custar algo em torno de R$ 6 bilhões aos cofres públicos.

Há um amplo terreno de cooperação entre os dois presidentes. A reforma da Previdência é a mais importante, embora seja difícil imaginar sua aprovação, ainda neste ano, de forma ampla o suficiente para resolver o  problema inadiável do desequilíbrio da Previdência.

É possível, porém, imaginar mudanças pontuais que podem ajudar. Isso reforçaria o clima de otimismo, a tendência de alta da Bolsa e a queda do preço do dólar.

A herança de Temer para Bolsonaro tem uma parte bendita e outra maldita. A inflação baixa é a principal peça da herança bendita. Os dados da inflação de outubro desaceleraram. O índice de preços ao consumidor ampliado (IPCA) registrou 0,45%, ante uma previsão de 0,55%. O índice geral de preços – disponibilidade interna  (IGP-DI) acusou 0,26% em outubro, contra uma expectativa do mercado de um aumento de 0,5%.

Se o novo governo conseguir avançar nas reformas, haverá um efeito positivo sobre as expectativas inflacionárias e abrirá espaço para reduzir a taxa de juros. Isso criaria condições para a economia crescer de forma mais vigorosa. E, mais importante,  geraria empregos que estão faltando para cerca de 27 milhões de brasileiros subocupados.

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Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

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