Topo

Para acabar com o desemprego, só saindo da era do Pibinho

Gesner Oliveira

28/02/2019 11h52

O desemprego continua sendo o maior problema da economia brasileira. Para diminuí-lo, será necessário acelerar o crescimento, superando a era do Pibinho. O IBGE divulgou hoje a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,1% em 2018, algo ligeiramente inferior àquilo que era esperado (1,2%).

É o segundo ano de crescimento modesto. Em 2017, a economia cresceu 1,1%, depois da maior recessão da história em 2015/16. O resultado foi um recorde de taxa de desemprego, que estava em 6,2%, no final de 2013, e chegou ao máximo de 13,7%, no início de 2017. Está atualmente em 12% no trimestre encerrado em janeiro deste ano.

O percentual de 12% da força de trabalho desempregada não dá a dimensão do drama. São 12,7 milhões de pessoas que estão ativamente procurando postos de trabalho, sem sucesso. A taxa de subutilização é maior ainda: 24,3%, representando um total de 27,5 milhões de pessoas.

Nesta estatística estão incluídos os desempregados (12,7 milhões); os subocupados, com 6,9 milhões de pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana e gostariam de trabalhar mais; e a chamada força de trabalho potencial, com 7,9 milhões de pessoas aptas a trabalhar, mas que estão fora do mercado por diversas razões.

Neste último grupo estão os 4,7 milhões de desalentados, que desistiram de procurar emprego; e 3,2 milhões de pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para cuidar dos filhos.

O provável crescimento mais rápido em 2019 pode melhorar esse quadro. Mas mesmo uma expansão de 3% neste ano não trará a taxa de desemprego para um dígito. É importante que o investimento se recupere. Uma boa notícia é o crescimento da formação de capital em 2018 (4,1%), embora seja a partir de uma base pequena, depois do declínio dos anos anteriores.

A taxa de investimento, isto é, o investimento como proporção do PIB, passou de algo próximo a 22%, em 2010, para os atuais 15,4%, no resultado das Contas Nacionais para o último trimestre de 2018.

Sem uma retomada do investimento será difícil superar a era do Pibinho. É urgente aprovar a reforma da Previdência, para evitar uma quebra do sistema de aposentadorias, e avançar no programa de obras de infraestrutura, com impacto sobre a construção civil e o emprego. Infelizmente, a única obra que parece interessar a muitos parlamentares é a ponte do Carnaval.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Para acabar com o desemprego, só saindo da era do Pibinho - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Mais Posts