O mercado errou, durante a euforia logo depois das eleições, ao superestimar o desempenho da economia. Na esteira do fenômeno Bolsonaro, muita gente minimizou as dificuldades de implementar as reformas. Nos primeiros obstáculos no Congresso, o pêndulo mudou. O exagero agora é no sentido contrário. Daqui a pouco vai ter gente falando em recessão. Não caia nessa.

É compreensível ser conservador diante das incertezas da conjuntura. Não precisa queimar a largada. Mas quem amarelar neste momento pode perder grandes oportunidades no mercado financeiro e na economia real.

A Pesquisa Focus divulgada há pouco revelou a oitava queda consecutiva da projeção de crescimento para 2019: de 1,95% para 1,71%. E deve declinar mais nas próximas semanas, à medida em que a pesquisa incorporar os números mais recentes.

Ocorre que as previsões vêm sendo calibradas mais pelo calor das expectativas do que pela frieza dos números. E o clima piorou diante dos frequentes tropeços na tramitação da reforma da Previdência.

Mas a janela de oportunidade para crescer mais em 2019 continua escancarada: ambiente internacional um pouco melhor, inflação baixa, contas externas robustas e enorme capacidade ociosa, condições ideais para uma recuperação mais vigorosa. Um mínimo de habilidade na condução do processo no Congresso pode reverter rapidamente o clima de apreensão.