Apesar da recuperação, desemprego demora a cair
O desemprego demora a cair, apesar da retomada da economia. Os dados do IBGE divulgados na última quinta-feira mantiveram o cenário de melhora gradual do mercado de trabalho. O desemprego atingiu 12,6% no trimestre encerrado em fevereiro de 2018, correspondente a 13,1 milhões de pessoas desocupadas.
No primeiro trimestre do ano é normal que o desemprego suba, refletindo as demissões dos temporários das festas de fim de ano. Comparado com o mesmo período do ano passado passado, o desemprego cai, de 13,2% para 12,6%.
Há três forças principais atuando sobre o mercado de trabalho neste momento. A primeira é a recuperação da economia que aumenta a demanda por mão de obra. O problema é a expectativa para o médio prazo. Como há incerteza em relação à continuidade da retomada após 2019, muitas empresas aguardam clarear o cenário para contratar.
A segunda é a mudança tecnológica que tende a mudar de forma permanente as relações de trabalho. Parcela da expansão do trabalho por conta própria pode refletir uma nova tendência do mercado. A população ocupada registrou crescimento de 2,1% ante fevereiro de 2017, e segue puxada pela geração de postos informal e por conta própria, que registraram alta de 5,6% e 4,4%, respectivamente. Em contraste, o emprego com carteira assinada caiu 1,8% nesta base de comparação.
A terceira é a reforma trabalhista que representou mudança institucional importante. Empresas, trabalhadores e a própria Justiça do Trabalho estão se adaptando às novas regras e à nova cultura que deverá reger as relações trabalhistas. É natural que seja um processo lento.
A expectativa é a de recuperação ao longo de 2018, mas em ritmo lento, mantendo a taxa de desemprego em dois dígitos em 2018.
Apesar da resistência à queda da taxa de desemprego, a massa salarial aumentou 3,8% no trimestre encerrado em fevereiro, na comparação com mesmo período do ano anterior. Ainda é pouco para gerar uma sensação de sensível melhora de bem estar na população, insuficiente para impulsionar, por si só, uma candidatura alinhada com a atual política econômica.
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