Natal econômico
A poucos dias do Natal, a vida nas principais cidades brasileiras segue seu curso normal. Em tempos de austeridade, quase não se percebe que estamos às vésperas do feriado mais importante do país do ponto de vista do comércio. Com a queda da renda das famílias a tendência é de que os consumidores sejam mais cautelosos e gastem menos neste ano.
As principais entidades do comércio varejista têm expectativas de queda de 3,5% a 5,0% nas vendas do Natal. Uma redução mais branda do que a do ano passado, quando o varejo caiu 7,2% em dezembro, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A boa notícia está no nível geral de preços da economia. A redução das expectativas inflacionárias foi até agora a maior vitória do governo Temer.
Os economistas lidam com médias. Mas há grandes variações em torno do índice médio de inflação.
Isso interessa a quem está preparando a ceia. Segundo levantamento recente da FGV, uma cesta de produtos típicos natalinos subiu 10,19% entre dezembro de 2015 e novembro deste ano. Dentre as maiores altas estão azeite (17,52%), vinho (16,95%) e frutas frescas (16,91%).
Em tempos de crise, as listas de presentes estão menores ou seus itens mais baratos. Ou uma combinação dos dois. Novamente a observação dos preços relativos é útil. Os presentes tiveram um comportamento de preços bem mais modesto. Em uma lista de 23 produtos que inclui itens de vestuário, eletrodomésticos, livros, entre outros, a alta de preços foi de 4,23%, no mesmo período citado no parágrafo anterior, abaixo da média de 6,76%.
A pesquisa Focus do Banco Central desta semana, com as principais projeções do mercado, mostrou pela primeira vez no ano que o IPCA, índice oficial de inflação, ficará abaixo do teto da meta de 6,5% neste ano. A projeção é de 6,49 para 2016, uma melhora significativa, dado que no ano passado o índice fechou em 10,67%.
Para o ano que vem a notícia é ainda melhor, a expectativa do mercado é que o índice encerre o ano com alta de 4,90% em 2017, muito próximo da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%, algo que não acontece desde 2009.
Este comportamento reflete o baixo desempenho da atividade econômica do país, e a perspectiva para 2017 ainda é de uma recuperação modesta. Nesta semana, o mercado reviu para baixo sua projeção para o PIB do ano que vem pela nona semana consecutiva, e agora se espera um leve crescimento de 0,58%. Há um mês a expectativa era que a economia crescesse 1,0% no ano que vem.
O atual quadro de crise exigirá cautela dos consumidores. É hora de explicar aos amigos e familiares que a crise afetou a todos, inclusive Papai Noel. Será preciso atenção às finanças pessoais, porque depois das Festas de final de ano chegam as contas de início de janeiro. A dica para o Natal é igualmente válida para a economia como um todo: é preciso fazer mais com menos.
Gesner Oliveira
Professor da EAESP-FGV e Sócio da GO Associados
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