Enquanto a reforma não vem, a economia perde ritmo
A queda da produção industrial brasileira em março foi além do esperado pelo mercado e causa preocupação em relação a um segmento importante para a geração de empregos.
Mais do que isso, leva à reflexão de como é importante para um país em reformas mostrar resultados em um prazo minimamente aceitável para a sociedade.
Assim como no futebol, o ajuste de uma economia não gera resultados no curto prazo. Mas quando o time começa a perder jogos e títulos, há risco de a torcida exigir a saída do técnico antes de o trabalho frutificar.
Embora o pessimismo de alguns analistas seja exagerado, a economia não anda bem. Ainda não foi revertida a rota da desindustrialização.
A produção industrial caiu 1,3% em março, pior resultado desde setembro. Na comparação com março do ano passado, a queda foi de 6,1%, segundo o IBGE. A indústria brasileira segue 17,6% abaixo de seu ponto mais alto, alcançado em maio de 2011.
A expectativa pela reforma da previdência deixa tudo em compasso de espera. Tem gente adiando casamento para quando o Congresso votar a proposta do governo. Enquanto isso, a economia perde ritmo.
E o cenário regional não ajuda. O presidente Bolsonaro tem razão em se preocupar com a Argentina. O país vizinho, que é o terceiro maior cliente para os produtos brasileiros, entrou em nova crise.
A falta de bons resultados do governo Macri ressuscitou a candidatura de Cristina Kirchner e representa ameaça de recaída no mesmo populismo que arrebentou aquele país.
O exemplo argentino é importante para mostrar o risco de não aproveitar as oportunidades de reforma. Maurício Macri teve a chance, mas não fez. Ou fez pela metade. O resultado está aí: crise e risco de volta do populismo. É importante que governo e sociedade no Brasil evitem a rota argentina.