Mercado à beira de um ataque de nervos
Hoje foi divulgado o IPCA-15 de março que aponta uma inflação de 0,54% para o período de até 15 de março, ligeiramente superior ao esperado pelos analistas. Em 12 meses, a taxa é de 4,18%, inferior ao centro da meta de inflação deste ano, de 4,25%.
Aproximadamente 80% da alta no mês de março correspondeu somente a dois grupos. Alimentação e Bebidas registrou a maior variação na passagem de fevereiro para março (1,28%), com impacto de 0,32 ponto percentual (p.p.) no IPCA-15 do mês. Transportes subiu 0,59%, contribuindo com impacto de 0,11 p.p.
Dentro do grupo de "Transportes", o reajuste do ônibus urbano pesou em algumas cidades como Porto Alegre 9,3%), Recife (7,31%) e Curitiba (5,9%).
O índice de difusão, isto é, a proporção de itens que tiveram um reajuste positivo no mês, foi de 60%. Mas o problema atual não é do número da inflação, mas a apreensão com o clima político para aprovar a reforma da previdência.
Um exemplo disso está na ata do COPOM divulgada nesta terça. Segundo o texto, há uma "frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira".
Outro exemplo. As atenções hoje estavam voltadas para audiência do ministro Paulo Guedes na Câmara dos Deputados (CCJ). Mas a ida do ministro foi adiada sob a alegação de que ainda não há um relator para a reforma. No momento da divulgação do adiamento a Bolsa reverteu temporiariamente o movimento de alta.
O leitor deve ir se acostumando com a atual conjuntura de frequentes aflições. É um clima digno do filme de Pedro Almodovar.