A recuperação é para valer ou o brasileiro que é otimista?
De acordo com pesquisa recente realizada pela Datafolha, o brasileiro está menos pessimista em relação à sua própria situação econômica e à do país. A boa notícia é que não se trata apenas de otimismo, a recuperação é para valer. A economia já vem dando sinais de recuperação há alguns meses e agora parece estar de fato batendo na porta das pessoas. Para o primeiro trimestre deste ano, a expectativa é de crescimento de 0,9%.
Se em dezembro do ano passado eram 41% os que pensavam que a economia iria de mal a pior, agora tal percentual caiu para 31%. A parcela daqueles que acham que a atividade econômica vai melhorar pulou de 28% para 31%. No nível individual, a pesquisa mostrou ainda um salto de 37% para 45% na porcentagem dos brasileiros que preveem uma melhora da sua situação financeira.
O otimismo moderado com a economia é justificado. Vários indicadores antecedentes da atividade reforçam essa percepção. Ontem, por exemplo, foram divulgados os dados da Fenabrave de vendas de veículos no mês de abril. Com os devidos ajustes de dias úteis, houve alta de 7,1% na comparação com o mesmo mês de 2016, o que é boa notícia para a indústria.
Também ligados ao setor industrial, na comparação do primeiro trimestre deste ano com o último de 2016, destacam-se resultados como o aumento do fluxo de veículos pesados nas estradas (2,5%), o aumento da utilização de capacidade instalada na indústria (1,4%) e o aumento da produção de veículos (1,2%). O forte crescimento de 6,1% da produção de papel ondulado reforça a expectativa de que a produção industrial deve crescer 1,6% na mesma base de comparação.
Os sinais positivos na economia não param por aí. Ontem foi divulgado a balança comercial brasileira de abril: superávit comercial de US$ 7 bilhões, o maior valor registrado para o mês desde o início da série em 1989. Para o ano de 2017, espera-se um saldo positivo recorde de US$ 60 bilhões, fruto de exportações de US$ 220 bilhões e importações de US$ 160 bilhões.
Índices de confiança têm refletido e ajudado no processo de retomada. Medida pela FGV, a confiança dos empresários na indústria teve alta de 4% no primeiro trimestre frente ao trimestre imediatamente anterior. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a alta passa para 16,6%. O resultado segue a mesma linha do índice de confiança dos consumidores, com alta de 6,8% na margem e 19,7% ante o primeiro trimestre de 2016.
A confiança da população surge com a percepção de que a situação está melhorando, mas também tem papel importante para fazer a roda da economia girar. O aumento do otimismo reflete em melhora na disposição de consumo e de investimento, com efeitos multiplicadores pela economia. A decisão por comprar aquela geladeira nova, por exemplo, mesmo que de forma parcelada, traz consigo outros serviços e acaba mantendo toda a economia aquecida.
Diante desses, a expectativa é que não só a indústria apresente resultados positivos como também outros setores. Estima-se que o varejo tenha crescido em torno de 4% nos primeiros três meses do ano e que o setor de serviços, que ainda engatinha, apresente alta de 1,1%. Para o PIB do trimestre, a projeção é de alta de 0,9% frente ao quarto trimestre do ano passado.
A manutenção do otimismo moderado, entretanto, depende do avanço de reformas, em particular a reforma da Previdência. É como parar no pit stop na Fórmula 1. Pode ser custoso, mas é fundamental para garantir uma corrida segura por mais algumas voltas. A maior crise da história brasileira não caiu do céu, ocorreu por um acúmulo de erros de política que agora necessitam de ajustes.
Portanto, os indicadores econômicos mostram que a recuperação é para valer. Mas se durará muito tempo ou se terá intensidade só o avanço das reformas para confirmar.
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