Risco Janot não ameaça recuperação
O risco Janot, representado pela segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, não deverá comprometer a recuperação da economia. Há razões políticas e econômicas para isso.
Do ponto de vista político, há uma percepção de que a primeira denúncia foi apressada e mal formulada. Independentemente da gravidade dos fatos e do seu mérito, ficou evidente que o procurador-geral não fez o dever de casa. Isso sem contar uma interpretação mais desfavorável de que teria havido adulteração de provas e jogo duplo por parte de pelo menos um procurador próximo a Janot. O governo já apresenta níveis de apoio no Congresso pré-choque JBS e a expectativa é que a segunda denúncia não deve avançar.
Do ponto de vista econômico, observa-se algo já experimentado no Mensalão. A recuperação da economia relativiza a importância dos escândalos políticos. Isso é tão mais verdadeiro em um momento que o país começa a respirar depois da maior recessão da história econômica brasileira.
Chama atenção como a recuperação em curso está disseminada entre os setores econômicos. Isso pode ser ilustrado pelo Índice de Difusão da Atividade Econômica elaborado pela GO Associados. Com base em 35 séries econômicas, é calculado o percentual de séries que apontam para a melhora da economia. Em julho o índice atingiu 79,4%, maior patamar desde maio de 2010. No vale da recessão, em setembro de 2015, o indicador apontava 2,9%.
Estatisticamente, este índice está positivamente relacionado com a aprovação do governo. Assim, a denúncia de Janot já nos acréscimos do segundo tempo de seu mandato não deve abortar a recuperação. Ressalve-se que a nova denúncia pode uma vez mais atrasar a votação da reforma da previdência.
A prévia do PIB divulgada hoje reforça o moderado otimismo com relação à economia. O IBC-Br apresentou alta de 0,41% em julho contra junho e superou as expectativas do mercado. A alta foi impulsionada pela indústria, que apresentou crescimento de 0,8% no mês, e pelo varejo ampliado, que subiu 0,2%, segundo o IBGE. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, o índice aponta que a economia brasileira registra crescimento de 0,14%.
O risco Janot para a economia é de curtíssimo prazo e parece sob controle. No médio e longo prazo há riscos maiores como Lula e Ciro Gomes. Mas esses serão objeto de outro artigo.
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