Como Trump pode ajudar as exportações brasileiras
A despeito da bagunça na política, as contas externas brasileiras têm trazido boas notícias. Em parte, devido à safra agrícola recorde para este ano, mas em grande medida pela produtividade do agronegócio, a expectativa é que o saldo da balança comercial feche 2017 com o melhor resultado da história, acima de US$ 60 bilhões.
Tal valor pode ainda sofrer um empurrão extra do presidente Donald Trump, por conta de seus planos de cortar impostos nos Estados Unidos.
O impacto das decisões de Trump sobre a política fiscal norte-americana na taxa de câmbio é mais simples do que parece. A ideia defendida por membros do Partido Republicano é de aliviar a carga tributária para empresas e para a população de classe média. O principal argumento é que menos impostos estimulariam o crescimento econômico, compensando as perdas de receita no curto prazo.
A despeito da polêmica em torno da ideia de Trump e dos republicanos, o fato é que a menor arrecadação no curto prazo teria um impacto nas contas públicas americanas. Estima-se que o corte de impostos possa elevar a já elevada dívida pública americana, de US$ 20 trilhões, em mais US$ 2 trilhões. O efeito disso é uma pressão para o banco central americano, o Fed, subir os juros. Mas por que?
Antes de empresar um dinheiro a um amigo, normalmente as pessoas fazem (ou deveriam fazer) uma rápida avaliação de sua situação financeira. Quanto menos garantias ou mais endividado ele estiver, mais risco. Quanto maior o risco, maior o retorno exigido por quem empresta. O mesmo mecanismo funciona para empresas, bancos e governos, como o dos EUA. Quanto maior a dificuldade do governo americano em pagar suas contas, maior tende a ser os juros que irá pagar para seus empréstimos. Mas e daí?
Quanto maior o retorno dos empréstimos em países ricos e desenvolvidos como os Estados Unidos, menor a disposição dos investidores em colocar dinheiro nos países emergentes e mais arriscados, como o Brasil. De maneira simplificada, se entram menos dólares no país, a tendência é que a moeda norte-americana valha mais, isto é, tenha maior preço. O mercado costuma se antecipar a esses movimentos e isso explica parte da subida do dólar, que ontem subiu 1,30% e passou da casa dos R$ 3,23, maior patamar desde julho.
Outros sinais dos EUA também ajudaram. Indicadores da atividade industrial americana de outubro vieram acima das expectativas e no maior patamar em nove meses. Quanto mais estiver crescendo a economia americana, maior tende a ser a pressão na inflação, o que também pode resultar em juros maiores por lá. Além disso, há a expectativa no mercado pelo próximo presidente do Fed, para assumir em 2018. Dependendo do nome que Trump escolher, os juros americanos podem subir mais rapidamente.
No curto prazo, a alta do dólar é motivo de comemoração para os exportadores brasileiros. Vão receber mais reais para cada dólar vendido. É daí que vem a ajuda de Trump. Se sua reforma tributária for aprovada, é razoável esperar um dólar mais caro. Isso ajuda as exportações brasileiras.
Mas para ganhar competitividade mesmo, sem depender dos humores do Trump ou de quem quer que seja, a indústria brasileira precisa aumentar sua produtividade, produzindo mais e melhor com menos recursos. Não é impossível. Tome-se o exemplo do agronegócio.
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