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Blog do Gesner Oliveira

Como os juros dos EUA afetam sua vida?

Gesner Oliveira

13/12/2017 22h35

A definição da taxa de juros nos EUA pode parecer um tema distante, mas não é. Os juros nos EUA afetam sua vida de três formas principais: na hora de procurar um emprego, pegar um empréstimo e fazer uma aplicação financeira ou comprar dólares para fazer uma viagem internacional.

O Comitê de Política Monetária dos EUA (Fomc, na sigla em inglês) elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 1,25% e 1,50% ao ano. A alta já era esperada pelo mercado, dada a inflação comportada nos EUA, e não causou grandes sobressaltos nos preços dos ativos. Mas a decisão afeta a vida do brasileiro de diversas maneiras.

Em primeiro lugar, reflete nas condições do mercado de trabalho. Mudanças nas taxas de juros em países desenvolvidos, como os EUA, geram mudanças nos juros de países emergentes, como o Brasil. Quando os juros sobem lá fora, os investimentos internacionais tendem a desviar de mercados mais arriscados, como o Brasil, para regiões com menores riscos.

Isso tende a pressionar elevações nas taxas de juros brasileiras que, por sua vez, afetam negativamente o consumo e o investimento. Juros mais altos desestimulam as famílias e empresas a gastar e a economia fica menos aquecida. Tudo o que um trabalhador em busca de emprego não quer.

Em segundo, as taxas de juros para empréstimos e aplicações financeiras também mudam. Altas nos juros americanos pressionam a taxa Selic, que tende a afetar as demais taxas de juros na economia. Se os juros sobem, os empréstimos no banco ficam ainda mais caros. Na outra ponta, aplicações em renda fixa atreladas à taxa Selic ficam mais atraentes.

Por fim, mudanças nos juros americanos afetam o preço do dólar. Quando os investimentos internacionais desviam do Brasil para os EUA, há menos dólares por aqui. Se a oferta da moeda é menor, seu preço tende a subir. Dólar mais caro não só significa viagens mais caras ao exterior como também tende a pressionar a inflação no Brasil.

Altas nos juros de países desenvolvidos costumam prejudicar o cenário econômico no Brasil, principalmente quando são bruscas ou inesperadas. Não é o caso atual. Com a inflação americana abaixo da meta, a decisão da elevação de 0,25 ponto percentual não foi unânime entre os membros do Fomc. O próximo presidente do Fed, Jerome Powell, já sinalizou que o movimento de elevação dos juros deve seguir de forma gradual. É a janela de oportunidade para o Brasil ajustar a economia. Melhor aproveitar enquanto o tempo não fecha no mercado internacional.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira