Discurso de Guedes agrada, mas faltam medidas concretas
O discurso de posse do novo ministro da Economia, Paulo Guedes, detalhou as diretrizes da política econômica para os próximos quatro anos, mas ainda não explicitou as medidas concretas que o governo deve tomar nos próximos dias e semanas.
A linha do discurso soa como música para os ouvidos do mercado e todos aqueles que percebem a necessidade de um controle das contas públicas do Brasil.
As expectativas são otimistas, como demonstram as pesquisas de opinião e os indicadores econômico-financeiros. A Bolsa bateu mais um recorde nominal, e o dólar caiu, refletindo, em parte, a boa repercussão da posse do novo governo e a mensagem de uma economia mais livre, desregulamentada e desburocratizada.
O ministro Paulo Guedes tem um diagnóstico essencialmente correto da economia brasileira. Ele aponta o descontrole de gasto como a fonte dos maiores problemas econômicos em diversas administrações, durante várias décadas, envolvendo governos militares e civis.
Esse descontrole estaria na origem dos problemas de inflação crônica, depois do endividamento e da elevação da carga tributária muito além da média de uma economia com o nosso PIB por habitante – a carga tributária atual estaria 16 pontos percentuais acima do que seria esperável em um país com a renda média brasileira (36% contra 20%).
Na verdade, esse descontrole de gasto reflete um conflito distributivo intenso na sociedade brasileira, resolvido pela disputa entre corporações poderosas. Nessa briga, quem sai perdendo sempre são os setores desorganizados.
O controle de gasto exige naturalmente atacar o maior item de despesa e que cresce muito acima do produto: a Previdência Social; um programa abrangente de privatização; a reestruturação do patrimônio; a simplificação da estrutura tributária; a abertura da economia, entre outras reformas.
O ministro Paulo Guedes mostrou a origem do problema e os princípios que vão reger o trabalho. Mas, ao contrário do esperável em um discurso de posse que reúne em sua pasta as principais ferramentas da política econômica, não apresentou um plano de ação com medidas concretas.
Depois de oito semanas de trabalho de uma ampla equipe de transição, seria esperável que houvesse um plano mais específico para a economia. Mas ontem foi o primeiro dia. O ministro prometeu uma sequência de medidas a cada dois dias.
Até agora, o otimismo tem prevalecido. As projeções de mercado são até conservadoras em relação ao crescimento nos próximos anos. Nosso modelo sugere uma taxa média de expansão superior a 3% para 2019-2022. Mas, para isso, será necessário passar rapidamente dos princípios gerais para medidas concretas.
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