Traduzindo o Copomês: como a ata do Copom afeta suas finanças
O Banco Central divulgou hoje a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada nos dias 28 de fevereiro e 1° de março. Nesta reunião o Copom decidiu reduzir a taxa Selic em 0,75 ponto percentual ("pp"), passando de 13% para 12,25% ao ano.
A cada 45 dias, em média, acontece a reunião do Copom que define a taxa básica de juros da economia (Selic). E a cada 45 dias o Copom libera a ata da sua reunião recheado de termos econômicos, em Copomês. Para quem não é familiarizado com os termos, entender a ata é quase uma prova de interpretação de texto. Embora seja cheio de termos técnicos, é importante saber o que diz a ata, pois o documento sinaliza como o Banco Central deve alterar a taxa básica de juros da economia, fato que tem impacto no bolso do brasileiro diariamente.
A ata da última reunião envia a seguinte mensagem: o Copom abre possibilidade para corte de 1 pp na próxima reunião, apesar de não se comprometer. Com isso, a taxa que está em 12,25% aa tem grande chance de ir para 11,25% na próxima reunião que acontecerá nos dias 11 e 12 de abril. Será a menor taxa desde outubro de 2014. Esta mensagem está no seguinte trecho:
"O Copom ressalta que uma possível intensificação do ritmo de flexibilização monetária dependerá da estimativa da extensão do ciclo, mas, também, da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação".
Percebeu o Copomês? O documento reforçou alguns pontos já levantados no comunicado pós-reunião. Segundo a ata, há sinais mistos para o comportamento da atividade econômica e uma perspectiva de retomada gradual, conforme o trecho:
"A evidência sugere uma retomada gradual da atividade econômica ao longo de 2017. A economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego".
Além disso, o processo de desinflação está difundido pela economia o que significa que não é exclusivo da queda de preço de alguns itens específicos, mas de um conjunto amplo de produtos.
A ata ainda traz a projeção de inflação para 2017 e 2018. No cenário de mercado (taxa Selic e câmbio de acordo com o boletim Focus), a inflação ficaria em 4,2% e 4,5%, respectivamente. No cenário de referência (taxa Selic e câmbio constantes) a projeção é de 3,8% e 3,3%, na mesma ordem. Ambos os cenários mostram uma inflação abaixo da meta de 4,5%.
Mas o que mais é necessário para o Banco Central reduzir a taxa Selic em 1 pp já na próxima reunião?
Segundo o Copom, as reformas econômicas propostas pelo governo são capazes de reduzir a taxa estrutural de juros da economia e, portanto, é uma condição necessária para isso. A taxa estrutural de juros é aquela que gera crescimento econômico sem causar pressão inflacionária.
Outro ponto é que persistam a alta ociosidade dos fatores de produção, inflação em queda e as expectativas de inflação bem comportadas.
Por fim, os membros do Copom preferiram deixar em aberta a decisão para a próxima reunião, e que esta dependerá do cenário econômico. Não quiseram se comprometer com um corte mais forte de juros na próxima reunião, mas caso o ambiente econômico continue favorável, em especial, com o dólar se aproximando dos R$ 3,00, o órgão deve intensificar o ritmo e reduzir a Selic em 1 pp.
Se isso ocorrer a recuperação da economia tem mais condições de ganhar fôlego e, mais para frente, as oportunidades de emprego podem voltar. Esta é a esperança de todos brasileiros, versados ou não em Copomês.
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